Lira turca despenca e investidores temem contágio
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini – O dólar voltou a se fortalecer no exterior diante das moedas dos emergentes, depois de declarações do presidente americano Donald Trump de que não está satisfeito com as negociações com os chineses para reduzir o superávit comercial do país asiático. Ao mesmo tempo, as economias mais frágeis, com problemas fiscais ou déficits externos, sofrem o impacto de ataques contra suas moedas, como ocorreu com a Argentina duas semanas atrás.
Hoje, é a lira turca que está no centro das atenções, depois de a moeda cair 4,39% em relação ao dólar. A expectativa é de que o Banco Central turco suba os juros para tentar conter a especulação, mas analistas dizem que o presidente Recep Erdogan fez declarações recentemente contra um choque de taxas. O país terá eleições no mês que vem, para piorar o quadro de instabilidade. Enquanto isso, o papel do Tesouro turco de 10 anos saiu de 12,5% para 15% ao ano. A inflação também está em alta, atingindo no mês passado 10,85% em 12 meses no varejo e 16,37% no atacado antes do impacto do dólar.
Dólar interrompe 3 dias de queda
No Brasil, o dólar comercial, das grandes transações, está abrindo em alta de 0,6%, vendido a R$ 3,668, interrompendo uma sequência de três dias de queda, desde que o Banco Central brasileiro triplicou o volume de venda de contratos de swap cambial no mercado esta semana. O dólar turismo subiu 2,11%, para R$ 3,87 para venda.
Nos juros, os contratos mais longos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, os mais longos, sobem de 10,54% para 10,66%. Os mais curtos sobem menos, de 7,52% para 7,54% no vencimento em janeiro de 2020.
Dia de sangria
Mobius vê risco de contágio em emergentes
A situação da Turquia acaba por influenciar outros emergentes ao chamar a atenção para suas fragilidades externas e fiscais. O investidor Mark Mobius citou o Brasil e a Argentina como países que não estariam fazendo direito a “lição de casa”, de ajustar suas contas, e que poderiam levar a efeitos mais severos sobre os mercados emergentes. Em entrevista à TV Bloomberg, o gestor da Mobius Capital Partners afirma que “nós ainda podemos ter ‘downside’ nos mercados emergentes”.