Internacional

Lira turca despenca e investidores temem contágio

23 maio 2018, 10:12 - atualizado em 23 maio 2018, 10:12

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini O dólar voltou a se fortalecer no exterior diante das moedas dos emergentes, depois de declarações do presidente americano Donald Trump de que não está satisfeito com as negociações com os chineses para reduzir o superávit comercial do país asiático. Ao mesmo tempo, as economias mais frágeis, com problemas fiscais ou déficits externos, sofrem o impacto de ataques contra suas moedas, como ocorreu com a Argentina duas semanas atrás.

Hoje, é a lira turca que está no centro das atenções, depois de a moeda cair 4,39% em relação ao dólar. A expectativa é de que o Banco Central turco suba os juros para tentar conter a especulação, mas analistas dizem que o presidente Recep Erdogan fez declarações recentemente contra um choque de taxas. O país terá eleições no mês que vem, para piorar o quadro de instabilidade. Enquanto isso, o papel do Tesouro turco de 10 anos saiu de 12,5% para 15% ao ano. A inflação também está em alta, atingindo no mês passado 10,85% em 12 meses no varejo e 16,37% no atacado antes do impacto do dólar.

Dólar interrompe 3 dias de queda

No Brasil, o dólar comercial, das grandes transações, está abrindo em alta de 0,6%, vendido a R$ 3,668, interrompendo uma sequência de três dias de queda, desde que o Banco Central brasileiro triplicou o volume de venda de contratos de swap cambial no mercado esta semana. O dólar turismo subiu 2,11%, para R$ 3,87 para venda.

Nos juros, os contratos mais longos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, os mais longos, sobem de 10,54% para 10,66%. Os mais curtos sobem menos, de 7,52% para 7,54% no vencimento em janeiro de 2020.

Dia de sangria

“Hoje é um dia de sangria”, diz Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operações da corretora Mirae Asset. Os mercado futuros de bolsa americanos no vermelho. Ásia fechou em queda e Europa está em baixa. “Com diversos riscos postos na mesa, vemos um movimento de ‘risk off’ (fuga de ativos e mercados de risco) global”, resume.
Os motivos, segundo Spyer, além do derretimento da lira turca, são os indicadores de gerentes de compras (PMI) fracos e abaixo de todas as estimativas na Europa, a extrema direita assumindo o governo na Itália com idéias anti euro e não pró-mercado, e a volta do medo com a geopolítica, depois de Trump duvidar do encontro com a Coreia do Norte e mostrar insatisfação com as conversas com China.
Juro americano em baixa
Mas há sinais positivos em meio a essa onda de fatos ruins. A boa notícia do dia, que não deve ter muita força, admite Spyer, é o arrefecimento forte nos rendimentos do título de 10 anos do Tesouro dos EUA, que caíram para 3.00%. “Isso deve tirar um pouco de força do ‘flight to quality’”, diz. “Espero que seja forte o suficiente para acalmar um pouco os mercados locais”, acrescenta. Já a notícia de que o governo estuda zerar a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) no diesel para reduzir os preços e acalmar os protestos de caminhoneiros não deve ter muito efeito nos mercados locais, diante de um cenário externo tão animado.

Mobius vê risco de contágio em emergentes

A situação da Turquia acaba por influenciar outros emergentes ao chamar a atenção para suas fragilidades externas e fiscais. O investidor Mark Mobius citou o Brasil e a Argentina como países que não estariam fazendo direito a “lição de casa”, de ajustar suas contas, e que poderiam levar a efeitos mais severos sobre os mercados emergentes. Em entrevista à TV Bloomberg, o gestor da Mobius Capital Partners afirma que “nós ainda podemos ter ‘downside’ nos mercados emergentes”.

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