Lira oficializa apoio a Hugo Motta na eleição para presidente da Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializou nesta terça-feira seu apoio à candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Casa na disputa que será travada em fevereiro do ano que vem.
“Depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, disse Lira em pronunciamento à imprensa em Brasília.
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Importante — se não o principal — cabo eleitoral na disputa pela presidência da Câmara, Lira espera angariar o apoio das mais variadas bancadas, desde a do PT até a do PL. Para ele, Motta, dentre as opções postas na mesa, é o nome que mais poderá ter “aderência” de campos antagônicos na Casa.
Mais tarde, em uma entrevista à GloboNews, Lira citou o numeroso e diverso bloco que o elegeu e disse ter cumprido aquilo que foi acordado durante sua campanha há dois anos, o que pode servir de exemplo para que as legendas façam novos acordos agora em torno de Motta.
“Então espero, sim, o apoio do PT, eu espero apoio do PL, eu espero apoio do Republicanos, que já fez, do MDB, que está trabalhando, do Podemos, do PP, do PCdoB, do PV, do PDT do PSD… tudo dentro de uma conversa mais ampla”, acrescentou, na entrevista à TV.
O mandato de Lira no comando da Casa, o segundo seguido, terminará em fevereiro e, pelas regras, ele não pode concorrer novamente. Além de Motta, também já anunciaram a intenção de disputar o comando da Câmara os deputados Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), até recentemente apontado como favorito de Lira. O atual presidente da Câmara se referiu a Brito e a Elmar como “verdadeiros amigos de vida”.
Encarado como um parlamentar capaz de transitar entre os mais variados setores do espectro político, Motta afirmou logo após o anúncio de Lira que irá buscar a convergência e que irá trabalhar no “corpo a corpo” com os parlamentares agora que, encerradas as eleições municipais, o Congresso retoma seu ritmo de funcionamento.
“Respeitamos os demais postulantes ao cargo e temos reforçado sempre a nossa disposição de construir a convergência porque acreditamos que é isso que vai acontecer até o final desse processo (de disputa)”, disse Motta a jornalistas.
No pronunciamento em que declarou seu candidato, Lira também anunciou a criação de uma comissão especial para analisar a proposta de anistia para os envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e defendeu que o tema seja discutido na Casa sem se transformar em uma disputa política.
“Nada deve ser obstado. Há de ser plena a liberdade do Parlamento de formular, discutir, debater, pensar as temáticas mais relevantes e sensíveis de nossa gente. Assim também deve ser com a chamada Lei da Anistia. O tema deve ser devidamente debatido pela Casa. Mas não pode jamais, pela sua complexidade, se converter em indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara”, disse.
“E é por isso que, na condição de presidente da Câmara dos Deputados, determinei a criação de uma Comissão Especial, para analisar o PL 2858/22. Essa comissão seguirá rigorosamente todos os ritos e prazos regimentais, sempre com a responsabilidade e o respeito que são próprios deste Parlamento. Também nessa temática, é preciso buscar a formação de eventual convergência.”
A anistia aos envolvidos no 8 de janeiro tem sido usada nos bastidores como moeda de troca por deputados que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro na negociação por votos para presidente da Câmara, assim como por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que são contrários à ideia.
Parlamentares bolsonaristas pretendem incluir no texto também uma anistia a Bolsonaro, condenado à inegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelos ataques infundados que fez ao sistema eletrônico de votação durante a campanha eleitoral de 2022. Se mantida a inegibilidade, Bolsonaro não poderá disputar a Presidência em 2026, quando Lula poderá buscar a reeleição.
Questionado, Motta minimizou eventual descontentamento de integrantes da oposição, particularmente no PL, maior bancada da Casa, argumentando que o tema não deixará de ser debatido. Segundo ele, a designação de uma comissão exclusiva para o projeto se justifica diante de sua complexidade.
Motta argumentou que o apoio de uma bancada não está condicionado a apenas um ponto, “até porque nós não estamos assumindo um compromisso contrário ao PL da anistia, estamos dizendo que é um tema que será debatido e discutido”. A intenção do candidato é, se eleito, trabalhar pela construção de um relatório que possa “buscar aquilo que a Casa hoje representa”, referindo-se a “um Brasil com pontos de vista diferentes”.