Política

Lira diz que Câmara não pode ser responsabilizada por eventual resultado negativo para MP dos Ministérios

31 maio 2023, 19:09 - atualizado em 31 maio 2023, 20:14
Lira
Lira afirmou ainda que caso seja constatado que o governo não tem votos suficientes para aprovar a medida nesta quarta, ela nem sequer será votada (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamou a atenção para o sentimento de insatisfação “generalizada” entre deputados com o governo, o que pode resultar em uma derrota na votação da medida provisória que reestrutura os ministérios da atual gestão, ou até mesmo culminar com a desistência de pautá-la nesta quarta-feira.

Lira afirmou que a Câmara e o Congresso não podem ser responsabilizados por eventual desfecho negativo, e creditou possível revés à desorganização e à falta de articulação do governo.

“O problema não é da Câmara, não é do Congresso, o problema está no governo. Na falta ou ausência de articulação”, disse o deputado a jornalistas.

“O que há é uma insatisfação generalizada dos deputados e talvez dos senadores, que ainda não se posicionaram, com a falta de articulação política do governo”, explicou Lira.

O presidente da Casa reúne-se ainda nesta quarta com líderes de bancada para colher o sentimento dos deputados e avaliar a possibilidade de votação da matéria. Caso seja constatado que o governo não tem votos suficientes para aprovar a medida, ela nem sequer será pautada.

“Eu venho alertando o governo dessa inanição, dessa falta de ação, dessa falta de pragmatismo na resolutividade dos problemas do dia a dia, na falta de consideração, na falta de atendimento, na falta de atenção”, disse Lira.

Libera

O risco de ver caducar a MP que dá sua cara à estrutura administrativa do Executivo fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolver-se diretamente na articulação política, que incluiu uma série de conversas com ministros — da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha –, com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por telefone, pela manhã.

A movimentação do governo na esperança de aprovar a MP também envolveu a liberação de emendas parlamentares, em um valor de 1,7 bilhão de reais, de acordo com a mídia local.

Segundo uma fonte do Planalto, Lira teria alimentado a expectativa de ter uma conversa cara a cara com Lula, mas teria se ressentido com a negativa do presidente em fazer a reunião pessoalmente.

A decisão de Lula de evitar receber o presidente da Câmara deve-se, principalmente, à percepção dentro do Palácio do Planalto de que Lira iria demandar uma reforma ministerial que incluísse mais espaço para o PP e o PR, explicou a fonte.

Uma segunda fonte, ligada a Lira, disse à Reuters que o PP poderia entregar metade dos votos da bancada caso a sigla fosse contemplada com um ministério.

O presidente da Câmara nega, no entanto, que tenha feito qualquer pedido nesse sentido ao governo.

“Tem um site aqui de Brasília que noticiou que o deputado Arthur pediu o Ministério da Saúde, os ministérios do União (Brasil). Isso é uma inverdade”, disse.

“Não há achaque, não há pedidos, não há novas ações.”

Lira lidera grande parte dos deputados e tem demonstrado sua força política em reveses recentes para o governo na Casa, seja pela aprovação na véspera de projeto que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas, seja por deixar a votação da MP dos ministérios para os últimos instantes possíveis antes que se encerre o prazo de 120 dias da medida.

Ela precisa ser analisada pelas duas Casas do Congresso até a quinta-feira ou perde a validade.

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