Linx converte aumento de 18% da receita em prejuízo de R$ 9 milhões, e desagrada a todos
Num trimestre em que a maioria das empresas lutou contra uma abrupta queda de receitas, que gerou um efeito em cascata e arrasou as demais linhas do balanço, a Linx (LINX3) se deu ao luxo de desperdiçar um aumento de dois dígitos na receita líquida, consumida por custos elevados, e deixou os analistas de mau humor.
A receita líquida total foi de R$ 208,531 milhões, um número 18% maior na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas esse desempenho promissor ficou pelo caminho. A Linx obteve prejuízo líquido de R$ 9,054 milhões, ante lucro de R$ 17,180 milhões na comparação.
O grande vilão foi o aumento de custos e despesas. Os custos de serviços prestados subiram 21,4%, para R$ 72,8 milhões. Mais impressionante ainda, foi a alta de 47,3% nas despesas operacionais, que bateram R$ 134,7 milhões.
Drenos de lucro
“Novamente, um elevado nível de despesas mais do que ofuscou um bom resultado na primeira linha”, afirmam Silvio Doria e Luís Azevedo, que assinam o relatório do Banco Safra.
A dupla relaciona alguns dos elementos que drenaram o dinheiro que entrou: os custos para incorporar as recentes aquisições da PingPag, Neemo, Seta Digital, Millennium e Hiper, bem como os elevados custos com a Black Friday e o Natal, que continuaram pressionando a companhia no primeiro trimestre.
Carlos Sequeira e Osni Carfi, que assinam a análise do BTG Pactual, acrescentam outra preocupação: o mercado de softwares de gestão de faturamento desenvolvidos pela Linx, e que compõem seu core business, está desacelerando, na esteira da pandemia de coronavírus.
O motivo é que os varejistas, principal clientela da empresa, simplesmente não consegue mais funcionar, por causa do fechamento das atividades não-essenciais.
Histórico
“Os resultados da Linx se deterioraram nos últimos trimestres. O crescimento orgânico desacelerou e as margens caíram para o menor nível da série histórica”, dizem os analistas.
Apesar de tudo, nenhum dos bancos cortou a recomendação ou o preço-alvo da companhia. O Safra manteve a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 40, o que dá um potencial de alta de 92% sobre a cotação usada como referência pelo banco.
Já o BTG Pactual manteve a recomendação de compra, com preço-alvo também de R$ 40. Veja o relatório de resultados da Linx.