Line-up do açúcar engarrafa em Santos à medida que o etanol evapora, mas põe pressão em NY
A carreira de navios graneleiros de açúcar bruto em carregamento, ancorados ao largo esperando doca ou nomeados para chegarem no Porto de Santos cresce. O line-up terá engarrafamento ainda maior nos próximos 70 dias à medida que pode aumentar a fuga do etanol pelas usinas.
Até ontem, como noticiou a Reuters, havia 86 embarcações em processo, contra 36 de igual data de 2021, indicando alta de 30% para o mês (sobre agosto anterior), com potencial para 3,6 milhões de toneladas.
Deste mês a outubro, Maurício Muruci, da Safras & Mercado, vê novos picos de embarques, porque são as exportações contratadas em junho e, principalmente, em julho. Ele também viu movimento forte no porto nos últimos dois meses, entre 40 a 60 embarcações, se aproveitando dos preços e do câmbio.
A previsão de exportações brasileiras para a safra 22/23 estava em torno de 26 milhões (25,6 na 21/22) de toneladas, sendo em torno de 76% já fixadas em março, segundo levantamento da Archer Consulting. Para a produção, a estimativa baliza em 35 milhões/t.
Mesmo limpando do line-up o que são de exportações fixadas mais atrás, antes ou no começo da safra – números não conhecidos porque não divulgados pelas usinas e tradings -, a aceleração do trânsito é flagrante em paralelo ao período no qual o etanol passou a ser abatido.
A aprovação do ICMS menor para os estados, cujo impacto maior foi sobre a gasolina, e com a Petrobras (PETR4) já reproduzindo a prática de reduzir os preços do concorrente do etanol sempre que o petróleo também cair, são os responsáveis.
Cotações
Sair do biocombustível e levar mais cana para o adoçante e aumento das exportações, implica diretamente no potencial de achatamento das cotações em Nova York. Também nem todas indústrias conseguem virar a chave do mix com a safra andando. As mais novas, sim.
Se a demanda global e o câmbio mantiverem a arbitragem favorável, compensará. Do contrário, o risco também dependerá do quão o etanol cairá – como se demonstra agora, com fortes baixas na usina e nas distribuidoras. E nova redução da gasolina pela estatal brasileira desde hoje.
A China nesta terça (16) estende a pressão da véspera sobre o contrato futuro mais líquido na ICE Futures, o outubro. O maior importador mundial se mostrou com economia meio cá, meio lá, e isso assusta.
Mas é cedo para adicionar mais pânico ao que já foi visto, há alguns dias, a respeito da tão propalada recessão mundial – ou, ao menos, a desaceleração da maior das economias, a dos Estados Unidos.
Há tantas certezas quanto incertezas em jogo, com variáveis financeiras, ainda impondo interrogações sobre o petróleo, por exemplo, e de fundamentos, como da Índia e a própria safra atual brasileira.
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