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Light (LIGT3): O que pesou nos resultados para as ações desabarem nesta quarta

29 mar 2023, 17:55 - atualizado em 29 mar 2023, 17:55
Light
Light teve prejuízo líquido de R$ 5,67 bilhões no ano cheio de 2022 (Imagem: Facebook/Light)

A ação da Light (LIGT3) despencou nesta quarta-feira (29), refletindo a reação do mercado aos resultados divulgados pela empresa elétrica ontem à noite. Os papéis derreteram 16,31%, cotados a R$ 1,95 cada.



A companhia apresentou um prejuízo líquido de R$ 5,67 bilhões no ano cheio de 2022. Em 2021, o resultado era positivo em R$ 398 milhões.

Com a perda bilionária impulsionada pelo nível elevado de endividamento, geração de caixa insuficiente e alto índice de furtos de energia, a elétrica reconheceu que sua situação operacional e financeira é complexa.

A Guide Investimentos avalia que, à parte dos efeitos negativos que as perdas não recorrentes geraram sobre o lucro da Light, a saúde financeira da companhia está prejudicada por perdas não técnicas, “possivelmente prejudicando o reajuste de suas receitas e também elevando os seus custos relativamente, mesmo com o repasse parcial das perdas”.

Na avaliação da corretora, a Light continuará entregando perdas acima dos patamares regulatórios nos próximos trimestres.

Medo do futuro

O caso da Light é um ponto de preocupação dentro do mercado, que presencia uma onda de empresas entrando com pedido de recuperação judicial.

A própria Light já foi alvo de rumores de que seria a próxima empresa a recorrer à Justiça para tentar resolver seu alto nível de endividamento, na esteira de Americanas (AMER3) e Oi (OIBR3).

As notícias escalaram após a contratação da Laplace Finanças para assessorar na análise de estratégias financeiras a fim de melhorar a estrutura de capital da empresa.

A questão é que a Light, por ser uma concessão, está impedida por lei de entrar com pedido de recuperação judicial ou extrajudicial.

A Light possui um grande volume de dívidas com vencimento a partir de 2024. O problema está na expectativa de que os credores provavelmente não vão aceitar o refinanciamento sem a garantia de que a concessão da distribuidora do grupo será renovada após 2026.

“O consenso no mercado é de que a Light precisa negociar com a Aneel a renovação antecipada da concessão, dando assim maior segurança aos acionistas e credores”, comenta a XP Investimentos, em relatório do mês passado.

No entanto, analistas acreditam que, para que a renovação aconteça, seria “prudente” uma revisão no contrato e a criação de metas mais realistas de perdas.

O UBS BB, em análise feita neste mês, sinalizou que a geração de caixa da Light não deve ser suficiente para pagar toda a dívida até o fim da concessão de distribuição.

Novamente, as perdas não técnicas são mencionadas e devem seguir altas, “impulsionadas pelo desafio estrutural na concessão do Rio de Janeiro”.

O Itaú BBA, ao comentar sobre os resultados divulgados pela Light na semana, destaca que a administração sinalizou que conseguirá manter a oferta de seus serviços à população nos próximos 12 meses, apesar dos problemas de liquidez.

Apesar disso, o BBA chama atenção para o aumento da dívida líquida, a pouco mais de R$ 9 bilhões, enquanto a posição de caixa da elétrica encolheu de R$ 4,02 bilhões no terceiro trimestre de 2022 para R$ 2,08  bilhões.

A recomendação para as ações é de “underperform” (desempenho esperado abaixo da média do mercado, equivalente a “venda”).

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