Internacional

Líderes do Brics se reúnem para avaliar expansão do bloco; moeda única também será discutida

22 ago 2023, 12:33 - atualizado em 22 ago 2023, 12:33
Cúpula do Brics acontece entre o dia 22 e 24 de agosto em Johanesburgo, na África do Sul (Imagem: Yandisa Monakali/DIRCO/Divulgação via REUTERS)

O Brics tem chamado atenção de diversos países que almejam seu bilhete “premiado” para entrar no grupo. Isso porque os países do grupo, principalmente a China, têm se destacado no cenário econômico. Os líderes de Brasil, Índia, China e África do Sul se reúnem em Johanesburgo nesta terça-feira (22) para avaliar a expansão do bloco.

Em meio à insatisfação generalizada com a ordem mundial vigente, a promessa dos países-membros de tornar o grupo uma das principais lideranças do “Sul Global” encontrou ressonância, apesar da escassez de resultados concretos.

Mais de 40 países manifestaram interesse em ingressar no Brics, dizem autoridades da África do Sul, que sediará a cúpula de 22 a 24 de agosto. Destes, quase duas dúzias pediram formalmente para serem admitidos.

“A necessidade objetiva de um agrupamento como Brics nunca foi tão grande”, disse Rob Davies, ex-ministro do Comércio da África do Sul, que ajudou a introduzir seu país no bloco em 2010. “Os organismos multilaterais não são lugares onde podemos ir e obter um resultado equitativo e inclusivo.”

O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, em sua transmissão semanal, disse ser a favor da entrada de novos países com precauções, mas que defende veementemente a entrada da Argentina para fortalecer a América do Sul, principalmente.

“A gente não quer contrapor G7, G20 ou Estados Unidos. Nós queremos organizar e fazer algo novo. […] Sempre fomos deixados como os países pobres. Queremos poder sentar na mesma mesa para negociar com os países da União Europeia de igual para igual”, disse.

Além da questão da expansão, o reforço da utilização das moedas locais dos Estados membros também está na agenda da cúpula. Os organizadores sul-africanos, no entanto, dizem que não haverá discussões sobre uma moeda do Brics, uma ideia lançada pelo Brasil neste ano como uma alternativa à dependência do dólar.

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Ponto de discórdia

Observadores, no entanto, apontam para um histórico decepcionante que dizem não ser um bom presságio para as perspectivas do Brics de cumprir as elevadas esperanças de membros em potencial.

Apesar de abrigar cerca de 40% da população mundial e um quarto do PIB global, as ambições do bloco de se tornar um ator político e econômico global há muito têm sido frustradas por divisões internas e falta de visão coerente.

Suas economias, outrora em expansão, principalmente a China, estão desacelerando. A Rússia, membro fundador, está enfrentando isolamento por causa da guerra na Ucrânia. O presidente Vladimir Putin, alvo de um mandado de prisão internacional por supostos crimes de guerra, não viajará a Johanesburgo e só participará virtualmente.

“Eles podem ter expectativas exageradas sobre o que a adesão ao Brics realmente proporcionará na prática”, disse Steven Gruzd, do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais.

*Com informações da Reuters