Internacional

Líderes de países da região amazônica acertam medidas para proteger a floresta

06 set 2019, 20:42 - atualizado em 06 set 2019, 20:42
Os presidentes Evo Morales, da Bolívia, Iván Duque, da Colômbia, Lenín Moreno, do Equador, e Martín Vizcarra, do Peru, além do vice-presidente do Suriname, Michael Adhin, se reuniram na cidade amazônica de Letícia (Amazônia: REUTERS/Luisa Gonzalez)

Um grupo de líderes de países com territórios na Amazônia entrou em acordo nesta sexta-feira para monitorar por satélite a maior floresta tropical do mundo para responder mais rapidamente a emergência e evitar tragédias como os incêndios que consumiram centenas de milhares de hectares de selva

Os presidentes Evo Morales, da Bolívia, Iván Duque, da Colômbia, Lenín Moreno, do Equador, e Martín Vizcarra, do Peru, além do vice-presidente do Suriname, Michael Adhin, se reuniram na cidade amazônica de Letícia, enquanto seguem ativos os incêndios que preocupam a comunidade internacional.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participou do encontro via videoconferência e enviou seu chanceller, Ernesto Araújo. Também estava presente um ministro da Guiana.

“Estamos firmando o Pacto de Letícia (…) um pacto que nos obriga, nos compromete e nos motiva a proteger nossa Amazônia, a fazer trabalhos de prevenção, de mitigação, de atenção quando houver riscos ou quando se apresentam incêndios florestais”, disse Duque no final do encontro.

Os países amazônicos acordaram estabelecer mecanismos de cooperação regional, trocar informações para combater o desmatamento, aumentar a vigilância da selva com satélites, unificar e coordenar iniciativas para atender emergências causadas pelos incêndios e definirem maiores investimentos com recursos próprios e da comunidade internacional.

Também se comprometeram a aumentar a vigilância para conter o desmatamento causado por madeireiros, o cultivo de folha de coca, a mineração e o uso do território da selva para a agricultura e a pecuária.

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Primeiro a mãe natureza

O presidente boliviano propôs incorporar no acordo o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, que governa um país que possui uma região amazônica, mas que não é reconhecido por vários dos países que se reuniram na Colômbia.

“Devemos entrar todos e todas sem exclusão, sem marginalização. As diferenças ideológicas devem estar em segundo lugar, em primeiro é o direito da mãe natureza”, disse.

O número recordista de incêndios que assola a Amazônia, que proporciona 20% do oxigênio do planeta e abriga cerca de três milhões de espécies de plantas e animais, causou indignação internacional devido à importância da selva para o meio ambiente global, forçando o presidente brasileiro a enviar militares para ajudar no combate ao fogo.

A Amazônia, que tem 60% de seu território no Brasil, é considerada um ponto chave da biodiversidade e é habitada por 34 milhões de pessoas, incluindo aproximadamente um milhão de indígenas de cerca de 500 tribos.

A densa floresta absorve uma enorme quantidade de dióxido de carbono produzido no mundo, um gás do efeito estufa que é creditado como um dos grandes fatores causadores de mudanças climáticas. Cientistas dizem que a preservação da selva é vital para combater o aquecimento global.

Os incêndios na Amazônia frequentemente são provocados para limpar a terra que depois será usada para a agropecuária.

O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou os incêndios como uma emergência internacional e “ecocídio”, criticando o governo brasileiro e acusando-o de fazer pouco para proteger a floresta tropical.

“Tomamos uma posição firme de defesa da nossa soberania e que isto sirva para que cada país possa dentro de suas terras desenvolver a melhor política para a região amazônica e não permitir que essa política seja tratada por outros países”, disse Bolsonaro durante o encontro.