Liderança feminina e o sucesso atrelado à liberdade
Imagine uma mulher de sucesso. Que imagem vem à sua mente? Possivelmente a de uma executiva, com êxito nos negócios, ostentando dinheiro e poder. É uma representação possível, mas limitante. Proponho, então, um conceito mais abrangente: uma definição atrelada à liberdade.
Uma mulher livre para fazer suas escolhas é o que entendo por “mulher de sucesso”. Ou seja, independentemente do estilo de vida — se prioriza a carreira, o cuidado com a família, a ajuda ao próximo ou o equilíbrio dos “pratos” —, é bem sucedida aquela que pode viver de acordo com suas escolhas.
Para alcançar tal status, as que optam pela primeira, em que o trabalho é parte fundamental do seu propósito de vida, precisam enfrentar uma série de barreiras culturais. Discursos ultrapassados que colocam em xeque essa possibilidade, como a declaração recente de um executivo brasileiro questionando a ocupação de cargos de liderança por mulheres, indicam que temos muito a avançar. Querem decidir, em nosso lugar, onde devemos estar.
Basta analisar os dados. Embora dediquem mais tempo aos estudos, as mulheres no mercado de trabalho brasileiro não chegam a 40% dos cargos de liderança, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em números de 2023. Trazendo esse olhar para o mercado financeiro, área na qual atuo diretamente por meio do direito bancário e da recuperação de créditos, o percentual se mantém insatisfatório.
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Mulheres ocupam apenas 34% dos cargos C-Level em instituições financeiras no país, conforme mapeamento conduzido pela consultoria Fesa Group e divulgado este ano. A mesma pesquisa aponta que elas estão mais presentes na liderança de áreas como Recursos Humanos, enquanto setores de riscos e corporate ou investment banking (IB), responsável por grandes operações, apresentam descompasso ainda maior, com predominância masculina nas posições de gestão. No cenário mundial, os percentuais são ainda mais baixos.
É preciso reconhecer que estamos avançando, mas a passos lentos. Se o ritmo se mantiver, serão necessários 131 anos para alcançarmos a igualdade de gênero no Brasil, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. E o que estamos perdendo enquanto isso?
Pesquisas demonstram que mulheres tendem a ser melhores líderes em tempos de crise, destacando suas habilidades interpessoais: iniciativa, agilidade na aprendizagem e capacidade de inspirar os outros. Também têm maior compromisso com a colaboração. Mas não só: empresas governadas por lideranças femininas ainda apresentam resultados até 20% melhores.
Não apenas por uma questão de opinião, mas por tantas evidências que demonstram os benefícios da ocupação de cargos de gestão por mulheres para a sociedade, precisamos combater declarações que perpetuam a discriminação e restringem a liberdade de escolha de cada uma de nós. Esse tipo de discurso nos limita e nos distância do sucesso.
Mulher CEO, sim! Se ela assim o desejar. Precisamos avançar rumo a um modelo de liderança que beneficie a todos, reconhecendo os ganhos que a diversidade de habilidades pode oferecer ao mundo corporativo.