Leonardo Pontes: Como agir diante de uma manada
Por Leonardo Pontes, da Inversa
Caro leitor,
No texto que enviei para você ontem, tratei sobre o efeito manada nos mercados, fazendo até uma relação com oblockbuster O Rei Leão, da Disney. Acho válido seguir no tema porque esse movimento induz muitas vezes o investidor a errar por investir contra as suas convicções em razão do medo.
Um exemplo para você entender por que acompanhar a manada pode ser nocivo ao seu dinheiro. Vamos supor que dez entre 100 investidores acreditem que comprar uma determinada ação pode gerar bom resultado. Os outros 90 – a grande maioria, portanto – acham inicialmente que essa ação não deve ir a lugar algum.
Cada investidor tem as suas probabilidades, e se cada um revelasse a sua, todo o coletivo saberia que esse investimento é uma furada. Só que, vamos assumir que os primeiros a investir sejam justamente aqueles dez mais confiantes, fazendo com que alguns dos 90 restantes passem a revisar suas teorias iniciais até decidir que, na verdade, aquele investimento seria uma boa.
Com mais gente comprando, outros investidores daquele grupo de 90 podem também decidir comprar, num efeito cascata que leva a maioria dos 100 investidores iniciais a fazer um investimento ruim. Mais tarde, quando a ação daquela empresa se mostrar um mau negócio, os 100 precisam vender e o preço desaba.
Esse comportamento que descrevi adiciona volatilidade, desestabiliza os mercados e aumenta a fragilidade do sistema financeiro. Copiar essa movimentação inicial não necessariamente é correta.
Para não ser pisoteado pelas manadas, ou até mesmo se aproveitar delas, há algumas ferramentas de defesa.
Primeiro, antes de começar a investir, é importante você decidir previamente o que vai fazer: “Chegando num determinado preço, eu compro, e se chegar num preço ainda mais barato, eu compro mais ainda”.
É muito mais fácil você seguir um plano quando não está com medo do que quando a água estiver batendo no pescoço.
Evite fazer um investimento apenas porque todo mundo está fazendo. Avalie se é o correto para você, se está de acordo com seu perfil de risco e se você entende as premissas. Mas cuidado porque o mercado está certo a maior parte do tempo. A teimosia pode custar caro.
Por fim, escute as opiniões de quem você confia e que esteja com os incentivos alinhados com o seu. As recomendações independentes – ou seja, cujo sucesso é medido apenas por quanto elas estão certas – é uma arma valiosíssima.
Apesar de o mercado estar certo a maior parte do tempo, acontece de, às vezes, ele errar. É justamente nessa hora que surgem as maiores oportunidades para você fazer dinheiro.
Um grande abraço!