Lento crescimento na dificuldade agrada mineradores de bitcoin, mas será que vai durar pouco?
Mineradores de bitcoin aproveitaram um crescimento relativamente lento na dificuldade de mineração da rede nos últimos meses em comparação aos impressionantes aumentos de preço do bitcoin.
Após um leve crescimento de 1% em 23 de janeiro, a dificuldade de mineração do bitcoin irá se ajustar acima dos 21 trilhões neste fim de semana, um aumento de 3% em comparação ao atual nível de 20,8 trilhões.
Neste momento, o preço do bitcoin está em US$ 40,8 mil, representando um aumento significativo em relação a outubro, quando o mercado começou a se movimentar acima dos US$ 11 mil.
Durante o mesmo período, a dificuldade de mineração e o poder de hashing do bitcoin ficaram para trás em relação aos crescentes preços, fazendo com que a receita de mineração de bitcoin, por terahash por segundo (TH/s) de poder computacional, atingisse altas não vistas desde agosto de 2019.
A dificuldade, como o nome sugere, é um fator determinante em quão “difícil” é minerar um bloco ou, mais especificamente, encontrar um hash abaixo de um alvo numérico específico.
O nível de dificuldade muda com base em quanto poder de processamento está conectado à rede e é ajustado a cada duas semanas.
Apesar de a dificuldade de mineração de bitcoin ter sido ajustada a uma alta recorde em 9 de janeiro, só aumentou 3,5% em comparação a alta recorde de 19,9 trilhões, registrada em 18 de outubro de 2020.
A dificuldade registrou um crescimento negativo de 16% no fim de outubro de 2020.
Isso aconteceu devido à migração de operadores chineses de máquinas de mineração, de hidrelétricas nas províncias de Sichuan e Yunnan para usinas termoelétricas nos territórios do nordeste da China, como Xinjiang e Mongólia Interior.
Após essas máquinas ficarem gradualmente on-line — enquanto novos lotes de máquinas chegarem ao mercado ao mesmo tempo —, a taxa de hashes da rede começou a crescer novamente em meio ao disparo de preço do bitcoin durante o quarto trimestre de 2020.
Uma combinação de fatores parece ter influenciado o crescimento relativamente lento da dificuldade de mineração até agora — pelo menos por enquanto — podem ser boas notícias para aqueles que estão minerando ativamente.
A escassez de “wafers” computacionais das maiores empresas de semicondutores do mundo, como Samsung Foundry e TSMC, resultou no fornecimento limitado dos mais novos equipamentos de mineração de bitcoin de fabricantes chinesas, apesar da crescente demanda por seus clientes.
Pedidos por hardwares de última geração para a mineração cripto, fabricados pela Bitmain e MicroBT, já estão esgotados até o segundo semestre de 2021.
A guerra das fabricantes de máquinas
para a mineração de bitcoin
Nos últimos meses, diversas operadoras de fazendas de mineração, principalmente na América do Norte, anunciaram a aquisição de hardwares mais recentes, podendo chegar a 70 mil unidades em um só pedido.
Desde dezembro, alguns grandes pedidos incluem:
– 58 mil unidades dos modelos S19 e S19 Pro da série Antminer da Bitmain, bem como seis mil Avalon 1246 da Canaan, adquiridos pela Core Scientific;
– 15 mil unidades do modelo S19 pela Riot Blockchain;
– 70 mil unidades do modelo S19 pelo Marathon Patent Group;
– 14 mil unidades do modelo M30S da série WhatsMiner da MicroBT, adquiridos pela Compute North;
– US$ 25 milhões em M30S, adquiridos pela Blockstream.
“Alguns desses pedidos, sendo feitos desde dezembro, são enormes. A previsão é que parte desses pedidos sejam finalizados até o segundo trimestre, então poderemos ver um grande aumento na dificuldade”, disse Dmitrii Ushakov, diretor comercial da BitRiver, que fornece serviços de implementação de máquinas de mineração na Rússia e na Ásia Central.
Até agora, Argo e Riot possuem cerca de mil unidades de máquinas que estão sendo enviadas. Esta semana, Marathon disse que a entrega das quatro mil unidades do modelo S19 Pro já começou.
Enquanto isso, a China está passando por um período de racionamento nos últimos meses em meio à escassez de energia a carvão.
Regiões afetadas, incluindo a Mongólia Interior, limitaram a utilidade industrial para priorizar a demanda residencial, segundo artigos do S&P Global e do New York Times de dezembro.
Embora seja difícil medir o impacto exato dessa escassez em fazendas de mineração, players locais da indústria contaram ao The Block que algumas fazendas de mineração que tiveram seu seu fornecimento energético reduzido estão em uma lista de espera para voltarem a operar.