Comprar ou vender?

Lembra da recessão do governo Dilma? A recuperação será muito parecida (e lenta)

19 maio 2020, 1:10 - atualizado em 19 maio 2020, 7:58
Gerdau Siderurgia
“Esperamos uma recuperação mais prolongada e gradual nos próximos anos”, indica o Credit Suisse (Imagem: China Daily via REUTERS)

Os sinais da indústria brasileira do aço apontam para uma recuperação muito lenta da economia, revelam os dados colhidos pelo Credit Suisse junto aos fabricantes de automóveis, empresas de construção civil e do setor siderúrgico.

Os analistas Caio Ribeiro e Gabriel Galvão revelaram, segundo dados não oficiais, que a demanda para o aço plano – utilizado no setor automotivo – caiu entre 50% a 60% em abril contra janeiro e fevereiro.

“Embora já seja esperado algum tipo de aumento em maio, uma recuperação mais significativa só deve se concretizar quando as montadoras retomarem suas operações e as taxas operacionais subirem substancialmente mais”, avaliam.

Já os pedidos para o aço longo – tipo comum na construção civil – recuaram aproximadamente 50%.

“Por enquanto, nenhum projeto de construção foi cancelado (apenas adiado), o que indica que a demanda poderá retornar aos níveis anteriores ao covid-19 eventualmente à medida que as restrições forem levantadas. Mas haverá uma segunda onda de lançamentos de projetos?”, questionam Ribeiro e Galvão.

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As montadoras diminuíram as compras em 99% no mês de abril (Imagem: REUTERS/Alessandro Bianchi)

Recessão de 2015 e 2016

O banco comparou o desempenho do setor siderúrgico depois da crise global de 2007 e 2008 com a vista após a recessão do governo Dilma Rousseff, em 2015 e 2016.

No primeiro caso, o governo brasileiro tinha poder fiscal para estimular a economia e a China, por sua vez, fôlego para ressuscitar a sua demanda.

No segundo, os efeitos da recessão duraram mais tempo e a produção de aço demorou dois anos para encontrar o fundo antes da retomada.

“Embora ainda exista uma incerteza significativa sobre como a crise atual ocorrerá, neste momento, vemos mais semelhanças com a crise de 2015-16 do que a financeira global e, portanto, esperamos uma recuperação mais prolongada e gradual nos próximos anos”, avaliam.

Os pedidos para o aço longo – tipo comum na construção civil – recuaram aproximadamente 50% em abril (Imagem: Unsplash/@guiccunha)

Empresas

Como resultado da crise, os analistas estimam que as siderúrgicas deflagrem estratégias mais agressivas de preços para brigar por participação de mercado em um ambiente de demanda reprimida.

“No geral, somos mais cautelosos no setor siderúrgico brasileiro e, enquanto mantemos a Gerdau (GGBR4) como nossa principal escolha, acreditamos que, por enquanto, existem poucos catalisadores de curto prazo para a ação”, destacam.

Ribeiro e Galvão explicam que a indicação de compra é baseada apenas no fato de que os papéis parecem baratos em relação às expectativas já ruins. O preço-alvo é de R$ 21.

A recomendação para a CSN (CSNA3) é neutra, com preço-alvo de R$ 7, e para a Usiminas (USIM5) é de compra, com preço-alvo de R$ 9,50.