Leilão de energia: não espere reações dos papéis das elétricas no curto prazo
O leilão realizado na manhã da última quinta-feira (18) de linhas de transmissões mostrou que a competividade no setor continua alta. Foram ofertados 11 empreendimentos que totalizam 1.959 km de linhas e subestações com capacidade de 6.420 megavolt-ampère (MVA).
As principais ganhadores foram a Neoenergia (NEOE3), a Mez Energia, que levou o maior número de lotes, a Transmissão Paulista (TRPL5) e a Energisa (ENGI11).
Em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (18), a Ágora destaca que dos 11 projetos, apenas 4 foram vencidos por participantes tradicionais da indústria, sendo o restante destinado a novos participantes.
A corretora calcula taxas internas de retorno (TIRs) com alavancagem real de 7,1% para a Neoenergia (Lote 2), 7,5% para a CTEEP (Lote 9) e 8,6% para a Energisa (Lote 11). Para novos participantes, os retornos devem ser consideravelmente mais restritos.
“Aplicando uma taxa real de desconto Ke de 7,0% (garantido pelo risco de greenfield), os projetos vencidos pela Neo, Transmissão e Energisa têm VPL apenas marginalmente positivo (R$ 0 a 30 milhões), o que significa provável impacto nulo/limitado no preço das ações”, afirmam os analistas Francisco Navarrete e Ricardo França.
Porém, eles esperam concorrências acirradas nos próximos leilões, o que significa que o ciclo de investimentos greenfield dos leilões 2016-17 fechados pela Taesa (TAEE3), Alupar (ALUP11) e Transmissão Paulista irá desacelerar gradualmente em 2021, “implicando em mais redução do risco e aumento dos dividendos e é por isso que temos recomendação de compra para as 3 transmissoras, apesar da falta de novos projetos”.
Alto desconto
Já a XP Investimentos, em relatório publicado nesta sexta-feira, destaca que o alto nível desconto mostra como a competitividade nos leilões de transmissão ainda é alta.
O leilão contou com descontos de até 70% na receita a ser paga às empresas vencedoras.
A Receita Anual Permitida (RAP) regulatória final foi de R$ 457,5 milhões, o que corresponde a um desconto agressivo de 55,2% em relação à RAP da proposta inicial, de R$ 1 bilhão.
“Na nossa visão, tais resultados são um reflexo tanto do atual ambiente de baixas taxas de juros (levando as empresas a aceitarem retornos menores nas linhas devido às melhores condições de financiamento) quanto da entrada de novos competidores no setor”, afirmou a corretora.