Agronegócio

LCA para crédito agro perde com Selic, mas ganhará na frente; Sicoob abrirá portfólio

16 jul 2019, 10:58 - atualizado em 17 jul 2019, 9:42
Safras vão ter que ser financiadas cada vez mais com crédito captado no mercado

Se o Copom optar por corte na taxa Selic na reunião do final do mês e mais ainda até o final do ano, seguindo um padrão de estímulo à economia estagnada mas praticamente livre, para o futuro, da insolvência com gastos orçamentários da Previdência, alguns instrumentos de financiamento ao produtor rural podem perder mais atratividade. Só que num plano de voo de longo de longo prazo, não deverá haver outro remédio para o crédito à produção que buscar no mercado aquilo que o governo vai dar cada vez menos.

O título de renda fixa Letras de Crédito de Agronegócio (LCA), vista como alternativa atraente, perdeu participação no crescimento de 9,2% de todo crédito rural (controlado e livre) liberado da safra passada para a atual. Mas deverá ser um dos principais instrumentos, até pela exigibilidade de que 35% de todo recurso tomado sejam destinados ao campo, comenta Gustavo Bastos Soares, consultor de Agronegócio do Bancoob, braço financeiro do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob).

É importante lembrar que no Plano Agrícola 19/20, anunciado em junho, com montante de R$ 225 bilhões, praticamente igual ao da safra passada – mas com um valor de custeio e comercialização de R$ 169,3 bilhões, menor -, o governo deu mais força às LCAs e outras formas de captação de recursos fora do crédito controlado.

O funding do dinheiro rural com base nas LCAs vai a R$ 55 bilhões, que, somados a outras rubricas de financiamento a juros livres, levam as operações de custeio de produção a quase R$ 70 bilhões. Faltará também o Banco Central regulamentar a captação de recursos no exterior com a permissão de emissão de Cédula de Produto Rural (CPR) em moeda estrangeira que lastreie os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Certificados de Direitos Creditícios do Agronegócio (CDCA).

“No curto prazo, a poupança rural (controlada e livre) está ganhando com a Selic baixa (6,5%) e tendendo a cair, mas as outras fontes vão crescer mais”, acredita Bastos Soares.

Nesse conjunto, o CRA também é visto com futuro promissor – hoje mais desenhado para grandes operações de securitização -, tanto que o Sicoob/Bancoob deverá lançar até o final do ano, “pois estamos abrindo o nosso portfólio”.

Sicoob/Bancoob

Pelo canal do Bancoob, comparando anos-safras – julho a junho, as LCAs caíram cerca de 38% da temporada anterior para esta recém findada. O total foi de R$ 835,5 bilhões, contra R$ 1,355 bilhões.

O recuo foi generalizado entre todas as instituições, avalia o consultor de Agronegócio do Bancoob, que hoje está em terceiro no sistema de crédito rural, atrás do Banco do Brasil e do Sicred (outra cooperativa de crédito).

Entre crédito controlado e livre, foram aproximadamente R$ 12 bilhões em liberações.

No caso da poupança rural, o salto foi firme no último ano-safra do governo Michel Temer, de 18/19, alinhado ao achatamento da Selic. Foram R$ 3,02 bilhões em contratações até junho último, enquanto no ciclo agrícola anterior chegou a R$ 1,5 bilhão, pelos dados do operador financeiro do Sicoob, sistema que agrega 16 cooperativas centrais e 450 singulares.

 

 

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