Governo quer ampliar arrecadação com LCA, mas não endereça controle de gastos, diz Arton

O Governo Federal propôs nesta semana a taxação de 5% para os rendimentos de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). A decisão foi vista com maus olhos por diferentes segmentos, principalmente o agronegócio.
Para a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a medida compromete uma fonte essencial de crédito rural e deve fazer com que o consumidor pague essa conta.
Na visão de Raphael Vieira, co-head de investimentos da Arton Advisors, a decisão é mais uma tentativa de ampliar a base de arrecadação do Governo para 2026, sem qualquer avanço correspondente na agenda de controle de gastos.
“O governo segue gastando sem limites, e quem arca com essa conta é o setor produtivo. Esse aumento descontrolado das despesas públicas não só pressiona a manutenção de juros elevados, como também leva a medidas como o aumento do IOF ou o fim da isenção para as LCAs. Além disso, intensifica a imprevisibilidade do ambiente econômico, dificultando ainda mais o acesso a funding para empresas e investimentos”, explica.
‘A taxação das LCA é pior que o aumento do IOF’
Segundo Vieira, o mercado ainda está digerindo o impacto exato nos lastros e disponibilidade de LCA pelos bancos, e ainda é cedo para definir se o título de renda fixa deixa de ser atraente.
“Isso vai depender da dinâmica de preços do ativo nesse novo ambiente. Mas, sem dúvidas, a taxação das LCAs prejudica muito mais o o agro do que o aumento de IOF, uma vez que o funding para o setor vindo dos bancos pode ser impactado significativamente por essa medida”.
O co-head de investimentos da Arton comenta o fim da isenção de impostos para LCA, a depender do impacto nas taxas oferecidas pelos bancos aos clientes, pode limitar a disponibilidade de empréstimos das instituições financeiras para o setor agrícola. “Com isso, cresce o custo de financiamento de um dos setores mais importantes da nossa economia”.