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Lavouras irrigadas quase quadruplicam entre 1985 e 2021, revela MapBiomas

25 nov 2022, 10:21 - atualizado em 25 nov 2022, 10:21
Pivo
A abordagem mais conservadora não reduz a amplitude do mapeamento, que conseguiu identificar lavouras irrigadas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil (Imagem: Pixabay/ErikaVenter )

As lavouras irrigadas por pivôs, inundação e outros sistemas quase quadruplicaram entre 1985 e 2021, passando de 804 mil hectares em 1985 para 3,29 milhões de hectares em 2021.

Além disso, o mapeamento por imagens de satélite das lavouras irrigadas mostra que 3 em cada 4 hectares irrigados por pivô central são de lavoura de soja, seguida de milho 2ª safra, mostram os dados do MapBiomas, iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

Os dados mostram, ainda, mudança no tipo de irrigação mais utilizado. Em 1985, cerca de 84% da área irrigada mapeada no Brasil era por sistema de inundação. Em 2021, esse porcentual havia caído para 44%. A área irrigada por pivô central, por sua vez, passou de 8% em 1985 para 50% em 2021.

Como a inundação é usada basicamente na cultura de arroz, o avanço dos pivôs sugere a expansão da irrigação para outros cultivos, notadamente a soja: 76% das áreas de pivô são lavouras dessa leguminosa.

O mapeamento de sistemas de irrigação por imagens de satélite é complexo e as tecnologias disponíveis ainda não permitem identificar todas as áreas irrigadas no Brasil. Por isso, o MapBiomas concentra-se em sistemas que também são mapeados por outras instituições, como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), para balizar os resultados.

A abordagem mais conservadora não reduz a amplitude do mapeamento, que conseguiu identificar lavouras irrigadas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil.

“Os dados não deixam dúvidas de que muitos produtores abraçaram a irrigação das lavouras como solução para garantir a segurança hídrica durante o cultivo”, explicou em nota o coordenador de Agricultura do MapBiomas, Bernardo Rudorff. “Eles indicam também que a adesão foi maior por parte dos produtores do Cerrado, bioma que tem um ciclo de chuvas mais curto em certas regiões para o cultivo de mais de uma safra”, ressaltou.

Juntos, os Estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia respondem por quase dois terços (64%) da área mapeada por pivô central de irrigação no Brasil. Um terço do total (31%) encontra-se em Minas Gerais, Estado com a maior área de irrigação ao longo dos 37 anos avaliados pelo MapBiomas. Em 2021, a área irrigada em Minas era de 509.133 mil hectares, o equivalente a três vezes a cidade de São Paulo.

Os cinco Estados no Brasil que apresentaram as maiores expansões de área de pivô central de irrigação, entre 1985 e 2021, foram Maranhão, Goiás, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso. Os quatro últimos apresentaram uma expansão entre 51 e 53 vezes em 37 anos. No caso do Maranhão, contudo, a expansão foi de 286 vezes – um claro reflexo da expansão agrária no Matopiba.

O MapBiomas identificou 26 grandes regiões de irrigação por pivôs no País, sendo que o maior deles fica no oeste baiano: cerca de 180 mil hectares, o que representa um aumento de 14,5 vezes em relação à área mapeada em 1985.

Outros sistemas de irrigação foram mapeados apenas no semi-árido brasileiro. Nessa região, o polo de Petrolina/Juazeiro apresentou a maior área em 2021, com cerca de 70 mil hectares – um aumento de 4,5 vezes em 37 anos.

A irrigação por inundação é usada prevalentemente em arroz, sendo que os maiores polos com arroz inundado estão no Sul do País.

Naquela região, o polo Quaraí/Ibicuí/Icamaquã, no Rio Grande do Sul, apresentou a maior área, com mais de 450 mil hectares – um crescimento de 2 vezes entre 1985 e 2021. Fora da região Sul, o Polo Javaés/Formoso, no Estado do Tocantins, foi o que apresentou maior crescimento em área de arroz irrigado: cerca de 1,7 vezes em 37 anos, atingindo uma área de 100 mil hectares em 2021.

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