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Lais Costa: O eclético da Faria Lima

27 ago 2021, 12:04 - atualizado em 27 ago 2021, 12:04
“Os investimentos, assim como a música, têm um alicerce, um arcabouço teórico profundo que alimenta a prática” diz a colunista.

Apesar de tímida, não resisto a uma oportunidade de iniciar uma conversa. A tarefa em geral é simples. O desafio é engajar o outro lado e evitar pausas descompassadas para não cair, em questão de segundos, naquele silêncio constrangedor.

Faço esse exercício quase diariamente quando pego um Uber a caminho do escritório. Como o interlocutor é completamente desconhecido, o segredo é tentar encontrar pontos de conexão: um chaveiro com o escudo do time de futebol, um adereço no retrovisor ou o sotaque (de ambas as partes) ajudam a construir uma pauta. Quase qualquer assunto é preferível ao clima. A música de fundo ou uma notícia de última hora na estação de rádio também pode ajudar.

Aliás, se você acertar o gosto musical do motorista, é cinco estrelas na certa. O problema é que não é raro encontrar quem se diz eclético.

Na prática, contudo, o adjetivo “eclético” quer dizer pouca coisa. Você pode estar falando com um especialista em música e profundo apreciador da arte ou alguém completamente alheio ao tema, que pouco se interessa ou conhece do assunto.

Com bastante frequência, encontro investidores ecléticos de fundos de investimento. Refiro-me àqueles que já ouviram de tudo, mas não se aprofundaram em nada e parecem não ter lá muito interesse em fazê-lo.

O resultado são portfólios construídos através de uma rebuscada técnica do uso dos nomes em alta, rebalanceados quase que diariamente ao som de lives e podcasts e ajustados pelas performances mais recentes. Naturalmente, os retornos obtidos também estarão, infalivelmente, em completa desafinação com os objetivos e as expectativas do investidor.

Os investimentos, assim como a música, têm um alicerce, um arcabouço teórico profundo que alimenta a prática. Destaco sete notas de cabeceira para qualquer investidor de fundos de investimento globais:

#Alocação global não deve ser a nota dissonante do portfólio. Ao contrário, tenha uma alocação estrutural e diversificada no exterior e carregue-a.

#Benchmark deve ser definido pela estratégia, e não pela geografia, assim como o tom não muda se a melodia principal for tocada em uma oitava diferente.

#Composição e regência andam juntas. Alocação estratégica e tática também.

#Dólar é a sensível (sétimo grau), quando o mercado estiver pessimista ou em tom menor, ele será ainda mais relevante, e não menos.

#Espelhos são como escalas menores, nas regras de aporte não há surpresa (subida), mas na saída (volta) entenda os possíveis obstáculos como a inexistência da portabilidade.

#Fundos no exterior cobram taxas que se somam às dos veículos locais. Entenda se esses custos já foram considerados na taxa total divulgada pela sua corretora. Assim você previne contratempos.

#Ganhos das estratégias irrestritas — Cayman e 555 — não serão os mesmos de suas versões UCITS e de previdência, estratégias com maiores restrições. Além das diferenças regulatórias, é preciso analisar a aderência das estratégias. Fundos (e tons) homônimos são tocados de formas diferentes.

Para nós aqui da série Os Melhores Fundos de Investimento, a profundidade da análise é a tônica para qualquer recomendação de alocação. Se você quer conhecer melhor o nosso processo de composição de carteiras e ficar sempre bem-informado sobre o tom dos mercados, junte-se a nós.

Informação, conhecimento técnico e, consequentemente, retornos expressivos: isso é música para os nossos ouvidos.

Um abraço,

Laís

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