Lagarde defende fundo de recuperação como ferramenta permanente
Líderes da União Europeia devem considerar se o fundo de recuperação de 750 bilhões de euros (US$ 878 bilhões de dólares) da região poderia se tornar uma ferramenta permanente, de acordo com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.
“Esta ferramenta do plano de recuperação é uma resposta a uma situação extraordinária”, disse Lagarde em entrevista ao jornal francês Le Monde e publicada no site do BCE na segunda-feira. “Devemos discutir a possibilidade dela permanecer na caixa de ferramentas europeia para que possa ser usada novamente se surgirem circunstâncias semelhantes.”
“Espero que também haja um debate sobre um instrumento orçamental comum para a zona do euro, e que será enriquecido pela nossa experiência atual”, acrescentou.
Embora o BCE defenda um orçamento comum para a zona do euro há muito tempo, os comentários de Lagarde parecem ir além de seu reconhecimento anterior de que o fundo de recuperação é algo “único”, uma observação feita por ela no Parlamento Europeu no mês passado.
Ela respondia a um parlamentar holandês, que perguntou se ela acreditava que o fundo deveria ser permanente, possibilidade a qual os Países Baixos se opõem veementemente. O BCE havia dito anteriormente que a ferramenta poderia “implicar em lições” para a Europa.
O apoio fiscal tem sido elemento fundamental para conter a crise econômica da região, juntamente com o estímulo monetário.
Autoridades de política monetária estão cada vez mais preocupadas que a deterioração da situação de saúde afete ainda mais a economia, mas Lagarde garantiu que o BCE ainda tem opções de política disponíveis, se necessário.
“As opções em nossa caixa de ferramentas não se esgotaram”, disse. “Se precisarmos fazer mais, faremos mais.”
Autoridades estão preocupadas com o ritmo de recuperação. Menos de duas semanas antes da próxima reunião do BCE, as perspectivas para a zona do euro se deterioraram rapidamente em meio a toques de recolher e outras restrições para impedir a propagação do coronavírus.
“Desde a recuperação que vimos durante o verão, a recuperação tem sido desigual, incerta e incompleta e agora corre risco de perder momentum”, disse. “Vamos acompanhar de perto os indicadores ao longo do outono.”