Lagarde aumenta lista de tarefas no Banco Central Europeu e decide aprender alemão
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, decidiu enfrentar um desafio possivelmente tão assustador quanto estimular a inflação na zona do euro: aprender alemão.
É compreensível que a nova líder de política monetária da região, uma francesa de mentalidade internacional agora com residência em Frankfurt, sede do BCE, possa querer se comunicar no principal idioma de seu novo lar.
Além de o alemão ser a língua materna de 25% da população da zona do euro, políticas como taxas de juros negativas não foram bem recebidas na maior economia da Europa, e explicá-las mais diretamente pode ajudar.
“É um grande trunfo se você puder se comunicar localmente”, disse Philipp Hildebrand, vice-presidente do conselho da Blackrock e ex-presidente do banco central da Suíça, que trabalha com quatro idiomas oficiais, incluindo o alemão. “Em geral, muitos alemães sentem que o BCE não se comunica suficientemente.”
Se esta for a resolução de Ano Novo de Lagarde, o desafio é enorme. Cada substantivo tem um dos três gêneros a serem memorizados – em comparação com dois em francês – com terminações adjetivas correspondentes. Os verbos podem aparecer no final da frase, e muitos são irregulares.
O autor americano Mark Twain decidiu escrever um ensaio em 1880,“The Awful German Language” (a terrível língua alemã), após a dificuldade enfrentada para entender o idioma.
“O inventor da língua parece ter tido prazer em complicá-la de todas as maneiras que conseguiu”, escreveu.
Lagarde, que completa 64 anos em 1º de janeiro, parece gostar do desafio. Ela disse a parlamentares este mês que enfrenta uma curva de aprendizado “acelerada” que envolve estudar alemão e termos dos bancos centrais.
Além de conhecer a cidade, ela não explicou como planeja alcançar seu objetivo. Apenas para chegar ao ponto de ter uma conversa básica sobre a vida cotidiana requer 240 horas de aulas, de acordo com o Goethe-Institut.
Os antecessores de Lagarde tinham perfis diversos sobre o assunto. O primeiro presidente do BCE, Wim Duisenberg, da Holanda, falava alemão antes de se mudar para Frankfurt.
O francês Jean-Claude Trichet fez o esforço de aprender alemão e creditou a experiência por ajudá-lo a “conseguir um entendimento profundo” de como as pessoas pensam na Alemanha.
Lagarde diz que não se intimidará com as dificuldades. Quando Joachim Schuster, um parlamentar alemão no Parlamento Europeu, fez uma pergunta à presidente do BCE em sua língua nativa, ela tinha uma resposta pronta.
“Um dia, talvez, eu seja capaz de responder em alemão.”