Lagarde apela com “coronabonds” e pede apoio a ministros da Zona do Euro
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, pediu aos ministros das Finanças da zona do euro durante uma videoconferência na noite de terça-feira que considerem seriamente uma emissão conjunta extraordinária de dívidas de “coronabonds” para ajudar a combater a pandemia de coronavírus, disseram quatro autoridades.
“Ela disse que deveríamos pensar seriamente sobre isso, ao lado do uso dos instrumentos do fundo de resgate europeu (ESM, na sigla em inglês). O Eurogrupo não discutiu a mutualização da dívida nesta fase”, disse uma autoridade envolvida na reunião.
Uma segunda autoridade confirmou que Lagarde apresentou a ideia, mas disse que a proposta se deparou com oposição da Alemanha, da Holanda e de outros países do norte da Europa que há tempos são contra qualquer emissão conjunta de dívida.
“Ela disse claramente que deveria ser uma emissão pontual”, disse a segunda autoridade envolvida na reunião.
“Houve oposição nos cantos habituais, mas também muito apoio além do Club Med”, disse a autoridade, referindo-se aos países do sul da Europa.
A rejeição dos países do norte mostra como o bloco monetário ainda está dividido sobre compartilhar o fardo da crise.
Autoridades disseram que Lagarde não entrou em detalhes sobre a questão sugerida, como um valor ou a maneira legal pela qual esse empréstimo poderia ser estabelecido.
Os ministros expressaram seu amplo apoio à possibilidade de que o fundo de resgate ESM da zona do euro estenda linhas de crédito de precaução, no valor de cerca de 2% do PIB de um país, aos estados membros que desejam tal proteção.
Uma decisão sobre a possibilidade de prosseguir com essa opção será tomada pelos líderes da União Europeia na quinta-feira.
A linha de crédito ESM, mantida em reserva, permitiria que os governos continuassem se financiando nos mercados a taxas baixas e abriria o caminho para a compra ilimitada de títulos do BCE sob o programa OMT de transações monetárias, se necessário.
Autoridades disseram que Lagarde considerou a ideia de um programa preventivo do ESM como uma boa apólice de seguro – uma frase também usada pelo presidente dos ministros das Finanças da zona do euro, Mario Centeno, após a videoconferência.
Mas as autoridades observaram que Lagarde considerou as compras pandêmicas de bônus de emergência do banco, de 750 bilhões de euros, como um instrumento mais flexível para acalmar os mercados, uma vez que não estão vinculadas a condições como as compras do OMT.