Economia

Ladra, mas não morde: Tom duro do Banco Central não assusta e nem muda futuro da Selic

20 mar 2024, 19:52 - atualizado em 20 mar 2024, 19:52
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Copom reduziu a Selic e aproveitou para mudar trecho do comunicado que sinalizar novos reajustes de mesma magnitude nas próximas reuniões. (Imagem: Getty Images)

Os dias de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic pode estar com os dias contados. O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic, levando a taxa básica de juros para o patamar de 10,75% ao ano.

A decisão já estava precificada pelo mercado, que também já apostava em uma mudança no comunicado do Banco Central.

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O Copom aproveitou a ocasião para sinalizar que “anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”.

Isso significa que o Banco Central deve manter o ritmo de cortes de 0,50 pp na próxima reunião, marcada para maio. No entanto, os dirigentes devem avaliar em junho se o corte será no mesmo patamar ou se o Copom vai diminuir os reajustes para 0,25 pp.

No entanto, João Savignon, head de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital, destaca que, apesar de ser um tom mais duro do que esperado, o texto do Copom não muda nada.

“A decisão de hoje não altera necessariamente o caminho da política monetária. Entendemos que o Copom foi mais hawk, mas que tem condições de prosseguir com o ritmo de 50 bps por reunião, desacelerando somente no segundo semestre do ano, na medida em que suas projeções de preços livres foram revisadas para baixo”, afirma.

Qual é o futuro da Selic?

Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, também reforça que comunicado não altera a taxa longa de juros e ainda veio em linha com o esperado. Ele ainda destaca que a necessidade de mais dados para tomar a decisão monetária só vai acontecer depois de maio.

“O comunicado não altera a taxa longa de juros, que acaba sendo influenciada por diversos outros fatores, como pontuado pelo comunicado do Bacen sobre a dinâmica fiscal e o balanço de risco dos juros nos mercados desenvolvidos”, aponta.

Para o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, a autoridade monetária deixa a entender que a incerteza aumentou, o que demanda uma maior flexibilidade na condução da política monetária.

“A autoridade monetária se mostra mais conservadora do que o mercado esperava e de fato demonstra maior propensão a continuar um ciclo de maneira mais prudente e cautelar na sua etapa final”, afirma.

As suas projeções são de mais dois cortes de 0,50 pp, seguindo por um de 0,25. Com isso, a Selic terminaria o ano em 9,5%.

Veja o que preocupa o Banco Central

Além dessa questão das próximas reuniões, o comunicado do Banco Central também trouxe a visão da autarquia sobre cenário externo e economia brasileira.

“O BC nota que há mais incerteza no cenário externo, com a possibilidade de juros mais altos nos países desenvolvidos, e, no cenário local, há uma dinâmica ainda pressionada da inflação subjacente. O tom cauteloso se traduz em uma postura também mais cautelosa na comunicação das decisões futuras do Copom”, diz, Luca Mercadante, economista da Rio Bravo.

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, lembra que o comunicado destaca o processo de desinflação em curso, com a inflação ao consumidor em uma trajetória decrescente e as expectativas de inflação para 2024 e 2025 situando-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.

“Isso alimenta minha confiança de que estamos no caminho certo para alcançar um ambiente econômico mais estável e previsível. Isso é fundamental para fomentar investimentos e o consumo, pilares para o crescimento sustentável”, afirma.

“Vejo ênfase no Copom na importância da execução das metas fiscais e a consequente necessidade de cautela na política monetária como um compromisso sólido com a estabilidade econômica a longo prazo”, completa o economista.

Hora de investir?

Josiane Francisco, especialista em Investimentos do Sistema Ailos, afirma que, pelo lado dos investimentos no mercado financeiro, o cenário continua atrativo para a renda fixa.

“A inflação no Brasil atualmente está em torno de 4,50% ao ano, o que faz com que os juros reais, ou seja, descontados a inflação, fiquem acima dos 6% ao ano. Investimentos em renda variável também podem ser uma boa opção para investidores que tem um maior apetite ao risco, já que juros mais baixos favorecem as ações de empresas, principalmente as ligadas ao consumo doméstico”, aponta.

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