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La Niña pode provocar inflação, com maiores preços nas Américas, em especial para emergentes

18 jul 2024, 9:30 - atualizado em 17 jul 2024, 19:45
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Apesar de alguns analistas já projetarem uma inflação causada pelo fenômeno climático, parece cedo para cravar quebras produtivas (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O fenômeno climático La Niña, previsto para acontecer neste segundo semestre, deve impactar os preços dos alimentos no mercado internacional.

Para economista do Insper, Juliana Inhasz, a previsão é de um transtorno com a chegada do fenômeno climático, pelo resfriamento das águas da costa do Oceano Pacífico na faixa equatorial.

“Entre os países que vão sofrer com isso principalmente, dos emergentes, eles estão localizados na América do Sul. Fora isso, há chance para impactos nos EUA e México. As Américas como um todo sofrem mais com os impactos”, diz.

“Em relação a inflação, serão reflexos generalizados. Vemos muitas economias em um processo de controle inflacionário. Fato é que temos um nível de preços mais elevados, e devemos ter produtos com preços um pouco maiores. Tudo vai depender da extensão do fenômeno climático. Vale lembrar que já temos áreas, como o Centro-Oeste do Brasil, que já enfrentam um período de estiagem, que pode se agravar bastante com o La Niña”, completa.

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De acordo com Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, historicamente, os anos de La Niña resultam em perdas produtivas na América do Sul.

“Isso acontece porque o fenômeno climático costuma trazer chuvas abaixo do média, com seca para o Sul do Brasil e para a Argentina, além de atingir um pouco do Paraguai e Uruguai, o que traz preocupações. No entanto, houve anos de La Niña em que não ocorreu problemas, sendo que ainda é cedo para cravar que teremos problemas, e os mapas climáticos, por enquanto, não mostram um super bolsão de seca no Brasil ou Argentina, indicando apenas chuvas abaixo da média”, diz.

Brasil e Argentina são os primeiros e terceiros maiores produtores de soja do mundo, respectivamente. No Sul do Brasil, inclusive, está localizado dois dos três maiores estados produtores da oleaginosa, Rio Grande do Sul e Paraná, atrás apenas do Mato Grosso. Gutierrez lembra que a Argentina chegou a perder 25 milhões de toneladas no último ciclo, metade do volume inicialmente estimado.

“Se perdas importantes se materializarem na América do Sul, naturalmente vamos ver um aumento do preços, gerando inflação. Se isso não ocorrer, não vemos fôlego para uma alta nos preços, já que devemos ter mais uma vez um ciclo elevado na América do Sul em 2024/2025. Sem uma quebra, não há espaço para um avanço”, resume.