O La Niña está chegando: Confira os riscos para as commodities; analista vê impulso para ação
O La Niña é um fenômeno caracterizado pelo resfriamento anômalo das águas do Oceano Pacífico na faixa equatorial, e tem como característica reduzir a ocorrência de ondas de calor.
Nadiara Pereira, meteorologista de agro na Climatempo, enfatiza que está acontecendo um período de transição, com a proximidade do fim do El Niño ainda em vigência.
“O El Niño impactou muito a distribuição de chuvas e temperaturas no Brasil durante esse último período chuvoso, especialmente na primavera. No entanto, ele está perdendo força e deve se encerrar no final de abril. Teremos um breve período de neutralidade climática, mas logo em seguida devemos ver um resfriamento no Oceano Pacífico, com a instalação do La Niña no final do outono e início do inverno”, explica.
A chegada do La Niña
As previsões indicam que o fenômeno deve começar no fim de junho e começo de julho. Segundo Pereira, essas ondas de calor devem ser menos intensas na primavera e no verão, em função do La Niña.
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“No entanto, ele traz mais riscos de estiagem nas áreas mais ao Sul do Brasil, Argentina e Uruguai, com intensificação de chuvas mais ao norte da América do Sul, chovendo de forma mais regular em áreas do Nordeste e Norte, principalmente na fronteira do Matopiba”, avalia.
As áreas mais centrais do Brasil não têm efeitos tão evidentes, com uma das principais características ficando por conta do prolongamento do período seco. “Podemos ver um atraso das chuvas na primavera, por conta do fenômeno”, pontua.
Quais culturas serão impactadas?
Entre os cultivos que podem sofrer com o fenômeno, há chance de o trigo no Sul do Brasil e na Argentina sofrerem com uma ligeira redução na produtividade.
“O problema maior é o alerta para o frio tardio, porque o La Niña tende a deixar a atmosfera mais fria, e com isso aumenta o risco para extremos de frio durante o inverno, como frio tardio no início da primavera. Se os produtores anteciparem o plantio do trigo, podemos ter geadas nas fases de florada”, diz.
Para o milho 2ª safra, Nadiara destaca que o risco é muito baixo, porque o outono será mais ameno. “Podemos ter geada chegando no Centro-Sul no inverno, e não dá para descartar o risco de geadas para áreas de cana-de-açúcar e café, já que 2024 é um ano de risco maior. A previsão não é de um inverno rigoroso, mas há chance para picos de frio”, conclui.
A ação que deve sofrer com o La Niña
Na avaliação do analista da Empiricus Research, Ruy Hungria, o clima mais seco do que o normal em grandes áreas produtoras de grãos no Sul do Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos ajuda a reduzir a oferta dessas commodities agrícolas e, consequentemente, aumentar os preços.
“O fenômeno tende a ser neutro ou até benéfico para as regiões onde a SLC atua, o que permite à companhia manter sua produtividade, ao mesmo tempo que aproveita a alta de preços”, explica.