Kraken lançará banco cripto em Wyoming, sugerindo possíveis ofertas de ações
A corretora de criptoativos Kraken está lançando um banco sob uma nova estrutura regulatória em Wyoming, uma iniciativa que irá expandir seu conjunto de produtos, afirmou a empresa em um anúncio nesta quarta-feira (16).
Com sede em Wyoming, Kraken Financial será regulamentado pela Divisão Bancária de Wyoming sob a Instituição Depositária para Fins Específicos (SPDI).
A nova estrutura foi criada especificamente para empresas de criptoativos e permitirá que a Kraken forneça determinadas funções bancárias aos clientes e sirva como a principal relação bancária da operadora de corretora.
Até esse momento, Kraken dependeu de fornecedores externos para transferências eletrônicas e outros serviços que permitiram sua interação ao amplo sistema financeiro.
Empresas cripto têm um histórico de relações bancárias desafiadoras e precárias. Grande parte dos bancos tradicionais se recusaram a fornecer serviços para tais empresas, enquanto algumas corretoras internacionais, como Bitfinex, tiveram problema em manter relações com parceiros bancários.
Existem alguns bancos comunitários menores no mercado cripto — como Signature e Silvergate —, mas tiveram problemas com transferências eletrônicas de saída no passado.
Ainda assim, grandes bancos estão migrando para esse mercado, assim como JPMorgan que começou a fornecer serviços bancários para corretoras como Coinbase e Gemini.
“Para a Kraken, isso representa uma melhor infraestrutura bancária”, disse Dave Kinitsky, CEO do Kraken Financial, em entrevista ao The Block.
“Isso exige menos dependência em fornecedores externos e oferece mais certeza de uma perspectiva regulatória e nos permitirá lançar novos produtos para novos segmentos de clientes.”
“Ter uma empresa afiliada permite que realizemos a integração com nossa experiência de produto”, disse ele. Para clientes finais, isso poderia resultar em transferências mais rápidas entre suas contas externas e suas contas na Kraken, segundo Kinitsky.
Clientes também poderão executar serviços bancários diretamente com o Kraken Financial assim como o fariam com seu banco existente.
De início, a empresa fornecerá aos clientes a capacidade de depositar dólares e criptoativos, que serão “integrados aos serviços de câmbio existentes, fornecendo aos clientes uma melhor infraestrutura de financiamento, uma melhor experiência e um maior esclarecimento regulatório”, segundo o comunicado de imprensa.
“Haverá uma abordagem em fases para isso”, disse Kinitsky. “Na primeira fase, esperamos ser o banco escolhido por nossos clientes e, nas fases dois ou três, começaremos a fornecer novos serviços e produtos.”
Por exemplo, Kinitsky disse que a empresa poderia lançar um cartão de débito cripto, um produto de conta-poupança ou uma conta de aposentadoria (IRA). Seu status bancário também pode permitir que forneça serviços para a negociação de ações, derivativos ou commodities, acrescentou ele.
“Por fim, esperamos conseguir fornecer mais serviços ao varejo, gestão de riquezas e de tesouro (e, possivelmente, outras classes de ativos, como valores mobiliários), então fiquem ligados”, afirma o comunicado.
Kraken não é a única que aspira ser um banco de criptoativos. BlockFi está trabalhando para criar um conjunto de produtos de gestão de riqueza para cripto, incluindo um futuro cartão de crédito.
Enquanto isso, Abra — que fornece uma conta de geração de rendimento para cripto — também possui suas próprias ambições de “redefinir” o setor bancário tradicional, segundo o CEO Bill Barhydt.
Em relação à Kraken, deve pôr alguns pingos nos is antes de oficialmente lançar seu novo banco. A empresa está no processo de alinhar parceiros bancários correspondentes e abertura de uma conta com o Federal Reserve.
Ainda não se sabe se cada estado americano irá respeitar o status do novo alvará bancário da Kraken.
“Estamos caminhando e esperamos obter a aprovação do alvará nesta quarta-feira e, em seguida, firmarmos essas relações e ir para o lançamento”, disse Kinistky.
“Esperamos reciprocidade de outros estados e falamos com alguns deles. Esperamos que grande parte tenha reciprocidade, assim como o fazem com outras instituições federais com alvará bancário.”
Nova York, cujo estado lutou contra a Kraken, pode ser um dos estados onde serão necessários outros passos para a reciprocidade, disse Kinitsky.
“Podem ter algumas coisas que teremos que fazer para Nova York”, disse ele. “Por exemplo, teríamos que ter uma agência bancária física e reconciliar algumas coisas com a BitLicense.”