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Kraft Heinz é o novo fantasma de Lemann e 3G Capital: inconsistências geram processo nos EUA

16 mar 2023, 11:36 - atualizado em 16 mar 2023, 11:36
Jorge Paulo Lemann 3G Capital
Inconsistências contábeis perseguem Lemann e 3G Capital no primeiro trimestre de 2023 (Imagem: Facebook/Jorge Paulo Lemann)

Os primeiros três meses de 2023 estão sendo de turbulência para Jorge Paulo Lemann e seus sócios na 3G Capital. Dois meses após o rombo bilionário da Americanas (AMER3), uma investidora dos EUA abriu processo contra Lemann e seus sócios.

O motivo é similar ao visto no Brasil, conforme informação da coluna Capital, do jornal O Globo. Segundo o periódico, a investidora norte-americana, Adriana D. Felicetti, protocolou processo pelos problemas enfrentados pela Kraft Heinz em 2019. À época, erros no balanço geraram baixa contábil de US$ 15,4 bilhões.

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Conforme a petição inicial do processo, protocolado em 6 de março deste ano, a qual a coluna teve acesso, a investidora acusa Lemann e a 3G Capital de terem falhado em seu dever fiduciário com a empresa e seus acionistas, além da prática de insider trading (uso indevido de informação privilegiada) para lucrar com os papéis da Kraft Heinz antes de os problemas contábeis virem a público.

Por meio da ação, Felicetti reivindica:

  • Reparação das perdas como acionista e para a empresa;
  • Ressarcimento da multa de US$ 62 milhões que a Kraft Heinz teve de pagar à SEC (Securities and Exchange Comission, órgão regulador do mercado de capitais nos EUA);
  • Ressarcimento dos US$ 250 milhões que ainda devem ser pagos para encerrar ação coletiva iniciada após o rombo;
  • Que a 3G Capital devolva os ganhos obtidos a partir do suposto insider trading.

 3G Capital e a Kraft Heinz

Em 2013, a 3G Capital, do trio Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcell Teles, investiram U$ 28 bilhões na aquisição da Kraft Heinz, empresa consolidada no setor alimentício. Posteriormente, Warren Buffet se juntou como sócio.

Contudo, em 2019, a SEC acusou a companhia de ter erros contábeis. Assim, a empresa foi obrigada a corrigir e republicar os balanços, que mostraram uma baixa contábil de U$ 15,4 bilhões.

No caso da Kraft Heinz, os problemas estavam ligados à área de compras da companhia, acusada de esconder os custos reais com fornecedores e manter contratos falsos.

Em 2021, a SEC e a Kraft Heinz firmaram acordo, que demandou da companhia arcar com multa de US$ 62 milhões.

Os advogados de Felicetti apontaram na ação que Lemann e a 3G Capital não cumpriram com o papel de garantir que a companhia divulgasse informações precisas e não enganosas e, além de esconder a verdade, se apropriaram de informações não públicas em benefício próprio, vendendo grande quantidade de ações ao público que não tinha todas as informações por mais de US$ 1,2 bilhão.

Relação com caso Americanas

Segundo um dos representantes de Adriana Felicetti disse à coluna Capital, a equipe de advogados está se estudando o caso Americanas, que pode reforçar os argumentos sobre a conduta dos fundadores da 3G Capital.

Além de Lemann, são acusados no processo Marcel Telles, sócio da 3G, Alexandre Behring, cofundador da 3G que foi CEO da Kraft Heinz e Bernardo Hees, que já foi CEO de Heinz e Burger King.

Deste caso, apenas Beto Sicupira, também sócio-fundador da 3G, parece estar de fora do problema. Isto porque não assumiu nenhum cargo na Kraft Heinz no período do caso.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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