Klabin se sairá (bem) melhor que Suzano em 2020, segundo o BB Investimentos
O BB Investimentos, braço de gestão de ativos do Banco do Brasil (BBAS3), revisou suas estimativas para as empresas de papel e celulose para 2020. A boa notícia ficou para a Klabin (KLBN11), que teve seu preço-alvo elevado. Já a Suzano (SUZB3) recebeu duas más notícias: seu preço-alvo e sua recomendação foram cortados.
E o pior para a Suzano: pode desperdiçar a chance de gerar valor para os acionistas num ano com perspectivas favoráveis para o setor de papel e celulose. “Vemos 2020 começando menos pessimista que o esperado em termos de demanda e, surpreendentemente, em preços de celulose”, afirma Gabriela Cortez, a analista que assina o relatório.
Entre os sinais positivos, estão os aumentos de preços já anunciados por fabricantes de celulose, a demanda em alta, devido à recomposição de estoques, e a janela de oportunidades para abastecer o mercado, já que, somente em 2021, está prevista a entrada em operação de linhas de produção que podem elevar a oferta e, portanto, aumentar a concorrência, pressionando preços.
Para o BB Investimentos, a Klabin é a que melhor saberá explorar o cenário favorável. Por isso, elevou o preço-alvo de R$ 22 para R$ 25. O valor representa uma alta potencial de 20% sobre sua última cotação. A gestora manteve a recomendação de outperform para os papéis, isto é, desempenho esperado acima da média do mercado.
Entre os argumentos para a alta, estão o reajuste de US$ 20 por tonelada dos preços de seus produtos, anunciado no começo do ano; a estratégia de focar em clientes de médio e pequeno porte, que proporcionam maiores margens; o equilíbrio de suas vendas no exterior entre Ásia, Europa e Américas; e a forte presença no mercado interno de celulose, que também oferece margens maiores.
Contraponto
A Suzano, por outro lado, enfrentará alguns problemas em 2020. Primeiro, terá que reduzir os estoques, após alcançar um nível recorde no primeiro semestre do ano passado. Desde então, a companhia vem segurando os preços para desovar a produção. Segundo o BB Investimentos, o estoque só deve se normalizar no meio do ano.
“Até lá, diferentemente de outros pares, vemos limitações no anúncio de aumentos de preços”, afirma a analista. Há também dificuldades nos mercados em que a Suzano atua. O BB Investimentos lembra que, para compensar o mercado interno mais fraco, a empresa aumentou suas vendas para o exterior.
Mas, ainda assim, alguns segmentos importantes para seus negócios estão comprometidos. Um deles é o segmento de IE (Imprimir e Escrever), que foi prejudicado pelos problemas do governo federal com o Programa Nacional do Livro Didático (PNDL).
Por tudo isso, o BB Investimentos cortou o preço-alvo da Suzano de R$ 48 para R$ 44, o que implica um potencial de alta de 11% sobre o último fechamento. A recomendação baixou de outperform para marketperform, isto é, o desempenho esperado dos papéis seguirá a média de mercado.