Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3) em queda: por que as exportadoras recuam no Ibovespa?
Mesmo com a retomada do apetite ao risco no mercado doméstico, as companhias exportadoras operam entre as maiores altas do Ibovespa (IBOV) nesta quinta-feira (5).
O recuo é dado pelo enfraquecimento do dólar ante o real. A divisa norte-americana opera abaixo do nível de R$ 6. Por volta de 12h10 (horário de Brasília), a moeda caía 1,29%, a R$ 5,9698, enquanto o principal índice da bolsa brasileira registrava ganhos de 1,42%, aos 127.879,38 pontos. Acompanhe o Tempo Real.
O dólar perde força com o avanço da tramitação do pacote fiscal, apresentado pelo governo na semana passada, no Congresso.
Ontem (4), a Câmara dos Deputados aprovou regime de urgência para proposta que trata da autorização ao governo para limitar a utilização de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas e para a medida que busca ajustar as despesas ligadas ao salário mínimo aos limites do arcabouço fiscal.
O regime de urgência elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação das propostas, retirando a necessidade dos textos serem analisados nas comissões da Casa. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse esperar que os projetos sejam discutidos pelo plenário na próxima semana.
Na visão da Ágora Investimentos, a aprovação da urgência para as duas propostas ameniza os receios sobre obstáculos ao pacote fiscal que ajudaram a pressionar as taxas de juros nas últimas sessões – com contrapartida inversa aos demais ativos de risco.
Em linhas gerais, as companhias mais expostas ao mercado externo tendem a ser prejudicadas com o enfraquecimento do dólar ante a moeda brasileira, já que as negociações e as receitas das empresas são atreladas à divisa norte-americana.
Confira a seguir os destaques da ponta negativa do Ibovespa desta quinta (5)
Klabin (KLBN11)
As ações da Klabin (KLBN11) figuraram entre as maiores perdas na primeira hora do pregão, na esteira do dólar. KLBN11 encerrou a sessão com baixa de 0,09%, a R$ 23,23.
Mais cedo, a companhia informou aos clientes que aumentará os preços de sua celulose fluff em US$ 50 por tonelada na Europa e nos Estados Unidos, e em US$ 20 por tonelada em outros mercados, a partir de dezembro, de acordo com a RISI.
Na avaliação da Ágora, a proposta segue as iniciativas de preço da empresas concorrentes no setor Domtar e da RYAM no início desta semana, refletindo condições saudáveis de demanda por fluff. “Observamos que o spread de preço atual entre a celulose solúvel e a de fibra curta está em US$ 420 por tonelada”, diz o relatório.
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Suzano (SUZB3)
Também do setor de papel e celulose, as ações da Suzano (SUZB3) foram pressionadas por um movimento de realização da véspera, quando os papéis subiram mais de 2% após o Morgan Stanley elevar a recomendação de venda para neutro, com o aumento do preço-alvo de R$ 62 para R$ 83.
Mas com a reação ao pagamento de proventos bilionários, a companhia terminou a sessão em alta. SUZB3 fechou o dia com leve avanço de 0,08%, a R$ 65,10.
Na última quarta-feira (4), a companhia anunciou o pagamento de R$ 2,5 bilhões em juros sobre o capital próprio (JCP) aos acionistas, referentes ao balanço do terceiro trimestre.
Os investidores que tiverem na base acionária da empresa em 16 de dezembro receberão os JCP em 10 de janeiro de 2025. As ações passam a ser negociadas “ex-direito” a partir de 17 de dezembro de 2024.
Vale (VALE3)
As ações da Vale (VALE3) são umas das alternativas para dolarizar a carteira de investimentos. Com o dólar fraco, a mineradora opera entre as maiores quedas do principal índice da bolsa brasileira na primeira parte da sessão.
Além do impacto da moeda norte-americana, os papéis da Vale acompanham o desempenho do minério de ferro.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,17%, a 800,5 yuans (US$ 110,14) a tonelada, com a piora do sentimento dos investidores.
Segundo o jornal estatal People’s Daily, a China não está comprometida com o alcance de taxas específicas de crescimento do Produto Interno Bruto (pIB), e um ritmo inferior a 5% para a economia é aceitável, já que não há necessidade de “culto à velocidade”. O que frustrou as expectativas dos investidores e traders, que estavam esperando que Pequim implementasse mais estímulos.
A Conferência Central de Trabalho Econômico da China se reunirá este mês, em data ainda a ser anunciada, e os principais líderes definirão as metas de crescimento econômico e planejarão a agenda do próximo ano.
Na reta final do pregão, os papéis ganharam fôlego e impulsionaram o Ibovespa. VALE3 subiu 0,82%, a R$ 57,80.
Outros destaques do Ibovespa
Além das companhias ligadas a commodities, os papéis da JBS (JBSS3) e WEG (WEGE3) também integram lista de quedas no Ibovespa, com leve baixa. JBSS3 caiu 0,18% (R$ 39) e WEGE3 recuou 0,13% (R$ 54,93).