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Klabin (KLBN11): ‘Devemos ver um impulso da Black Friday e do Natal no 4T24’; diretora de RI cita novo momento

08 nov 2024, 7:00 - atualizado em 08 nov 2024, 7:01
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Para o próximo trimestre, a expectativa da Klabin é de um viés bastante positivo, com exceção para o mercado da celulose (Foto: Money Times)

A redução da alavancagem será o foco da Klabin (KLBN11) nos próximos 24 meses. A fala feita pelo CEO Cristiano Teixeira durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2024 foi reforçada pela diretora de finanças corporativas e relações com investidores, Gabriela Woge, em entrevista ao Money Times.

A companhia apurou um lucro líquido de R$ 729 milhões no 3T24, quase triplicando (197,55%) ante os R$ 245 milhões de resultado positivo registrado um ano antes.

“Atualmente, nós dividimos a Klabin em três segmentos: celulose, papéis e embalagens. Fora esses, há toda área florestal que supre toda a madeira dos negócios. Para esses três segmentos, vivemos um bom momento, com uma boa performance”.

Para o quarto trimestre de 2024 (4T24), a expectativa da Klabin é de um viés bastante positivo, com exceção da celulose, que deve seguir com preços retraídos.

“No mercado de papéis, o kraftliner é ainda caminha bastante bem, o mercado de papel cartão segue bastante resiliente, e o mercado de PO (papel ondulado), costuma ter uma sazonalidade bastante importante. Como todo mundo está focado na Black Friday e no Natal, e pensando que grande parte do que é transportado vem das nossas caixas, essas datas ajudam nos nossos resultados”, explica. 

“Às vezes, parece que a Klabin não tem um contato direto com o consumidor, mas a gente está presente em muitos momentos do dia a dia dos investidores, seja na embalagens de produtos do supermercados, fraldas e itens de higiene como lenços umedecidos“.

 Puma II começa a dar resultado

No segmento de papéis, a companhia começou a materializar o ramp-up das máquinas 27 e 28 do Puma II, entrando em operação uma máquina de papel cartão e outra de kraft. “Isso ajuda a companhia num momento bom, sobretudo para o kraft e o papel cartão também, um segmento bastante resiliente”, completa.

Para embalagens, o segundo semestre do ano tem sido marcado um bom momento, com um desempenho relevante nos volumes e demanda, um segmento, que segundo ela, está correlacionado com o crescimento da economia.

“Muita das caixas que chegam na casa dos nossos investidores são nossas. Com o aumento da renda e do consumo, temos nos beneficiado disso, uma tendência que acreditamos que deve seguir até o final do ano”.

Quanto a celulose, apesar de uma redução internacional nos preços da fibra curta, longa e fluff, a diversificação da Klabin, seja nas fibras ou geograficamente, o que garantiu um preço médio superior ao mercado.

“Nesse 3T24, vimos alguns desafios logísticos e até de paradas, que impactou no volume, mas ainda assim vimos números positivos. Outro destaque fica por conta da redução do custo caixa por tonelada, que ficou abaixo do guidance, muito por conta do Projeto Caetê, que adquirimos no meio do ano, que trouxe sinergias de custos logísticos e de colheita que já tem se refletido nos nossos resultados”, diz.

Nova política de remuneração ao acionista

No fim de outubro, a companhia anunciou uma nova política de endividamento e dividendos. Com isso, a Klabin passa a distribuir entre 10% e 20% do Ebitda ajustado aos acionistas, abaixo da faixa anterior de 15% para 25%, enquanto permite ao conselho decidir distribuir dividendos extraordinários.

Em relação ao endividamento financeiro, a Klabin estabeleceu um limite de alavancagem de 3,9 vezes durante os ciclos de investimento (ante 3,5 a 4,5 vezes da faixa anterior).

“Nós viemos do maior ciclo de investimentos da nossa história, com as duas máquinas de papel do Puma II, a conclusão dos investimento em capacidade da nossa planta de Piracicaba (Projeto Figueira) e a aquisição de ativos florestais que garantem a nossa autossuficiência de madeira alvo, para suprir nossa expansão em papéis. Com tudo isso, estamos muito comprometidos com o processo de desalavancagem”.



Woge ressalta que esses investimentos ainda estão maturando, principalmente para as máquinas de papel, que ainda não atingiram sua capacidade máxima, o que deve acontecer nos próximos anos.

“No âmbito dos dividendos, ainda estamos comprometidos com pagamentos trimestrais, o que muda é o percentual. Outra questão que se relaciona com o processo de desalavancagem fica por conta de algo que é quase como uma continuidade do Projeto Caetê. Quando adquirimos os ativos do Caetê, trouxemos florestas e terras, principalmente terras, que chamamos de primeiro ciclo, já que os nossos eucaliptos demoram 7 anos para crescer e o pino em torno de 15 anos”.

Segundo a executiva, a empresa não precisa ficar com a totalidade das terras adquiridas, sendo que dessa aquisição de 85 mil hectares, 60 mil foram destinados a um plano de monetização.

“Isso se concretizou através da assinatura de um acordo florestal, um investidor bem específico para esse tipo de ativo florestal e que ajuda nesse processo de desalavancagem e reforçando esse nosso compromisso. Outros acordos de terras excedentes podem acontecer. Se 2024 foi um ano de eficiência e redução de custos, 2025 será ainda mais”.

KLBN11: Os efeitos de um dólar elevado, a eleição de Donald Trump e o Projeto Figueira

No momento, a Klabin conta com algo em torno de 40% da sua receita vinda de exportações, principalmente nos mercados de papel e celulose, o que gera uma exposição cambial positiva com o dólar em alta. Já os custos, por sua vez, são todos em reais.

“Cerca de 60% da nossa receita é no Brasil e o restante vem de fora. Com a nossa base de custos aqui, isso gera uma exposição exportadora para a companhia. Com isso, qualquer movimento de depreciação do real frente ao dólar impacta positivamente os resultados. Quanto a movimentações geopolíticas, incertezas ou volatilidades normalmente não ajudam nenhuma companhia, e isso não é diferente para Klabin.

A diretora cita que o Projeto Figueira, unidade de papel ondulado em Piracicaba (SP), está a todo vapor e já tem gerado valor para a companhia.

“Essa é uma planta estado da arte, com equipamentos modernos e de ponta, que vão ajudar num processo de expansão de capacidade e redução do nosso custo de conversão. É uma busca de eficiência bastante importante para a companhia, e vale mencionar que o Projeto Figueira entra em um momento bastante bom de mercado, o que, para nós, é bastante importante e estratégico, trazendo bastante resiliência aos nossos resultados”.