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Kepler Weber (KEPL3): O ‘filme’ de 2025 será melhor que 2024 e dependência do Plano Safra já foi maior, aponta CEO

06 mar 2025, 12:27 - atualizado em 06 mar 2025, 12:43
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(Foto: Divulgação)

O CEO da Kepler Weber (KEPL3), Bernardo Nogueira, viu bons números para a líder na América Latina em soluções de pós-colheita em 2024, período marcado por desafios como quebra de safra, alta dos juros e queda no preço da soja em comparação com 2023.

Nogueira destaca que o ano passado foi o segundo melhor ano da história da companhia, registrando volumes recordes de vendas. “Nunca vendemos tanto para fora do Brasil”, disse, ao Money Times. 

Na semana passada, a companhia reportou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2024 (4T24), com um lucro líquido de R$ 50,4 milhões, queda de 46,4% ante 4T23 e um Ebitda de R$ 82,1 milhões, recuo de 30% no mesmo comparativo.

No trimestre, o segmento de negócios internacionais cresceu 142,4% frente o 4T23, para R$ 78 milhões. Já no ano de 2024, a Kepler registrou um lucro líquido de R$ 199,2 milhões, queda de 18,8% frente a 2023.

O 2024 da Kepler Weber e o ‘filme’ para 2025

O recuo dos números no 4T24, segundo o CEO, podem ser explicados pelos desafios citados que marcaram 2024.

“Mesmo com esses obstáculos, a armazenagem, que é o nosso core, sempre foi necessária para a cadeia inteira do agronegócio. Houve prioridade para investimentos no segmento, uma tendência dos últimos 5 anos e que se mantém”, explica Nogueira.

Para 2025, a pressão será ainda maior para armazenagem, com expectativa de um aumento de 10% na safra sobre 2024, importante crescimento de produção nos estados do Cerrado e alta no preço do milho nos últimos seis meses. Por esses fatores, o CEO da Kepler enxerga que 2025 superará 2024, mas que é preciso olhar os números com atenção.

“A ‘foto’ do 4T24 mostra uma queda na comparação com o 4T23, e isso também se confirmará no 1T25 ante o 1T24. Esse é a foto. Mas o que o ‘filme’ mostra? Com toda essa história de super safra, enxergamos 2025 mais parecido com 2023. O que isso quer dizer? Que os dois anos começam com uma sazonalidade importante, um pouco mais fraco e terminando muito forte. O ano passado teve uma sazonalidade mais neutra”, diz.

Nogueira salienta que há um delay no que os números apontam dentro do setor do agronegócio, já que a evolução vem quando produtores realizam uma boa colheita da soja agora e do milho em julho-agosto.

“O agricultor colhe em fevereiro ou março, faz um balanço dos resultados, conversa conosco e fechamos um negócio. Mas só vamos faturar em agosto ou setembro. Da mesma forma que ele colheu mal lá em março de 2024, realizando um menor volume de compras que vimos no 4T24. Por vezes focamos em um recorte e esquecemos de olhar para o que acontece à frente”.

O Plano Safra e os efeitos para a Kepler Weber

Nas últimas semanas, a suspensão das linhas do Plano Safra 24/25, seguida por uma MP que liberou um crédito extraordinário de R$ 4,1 bilhões, com a não aprovação do orçamento de 2025, coloca dúvidas sobre o programa de financiamento agrícola em 2025/2026.

O Citi, que rebaixou sua recomendação para ação após os resultados do 4T24, vê o cenário incerto para o Plano Safra como um dos desafios para a Kepler Weber neste ano.

Sobre o tema, o CFO e diretor de relações com investidores da empresa, Renato Arroyo, que também falou ao Money Times, disse que a dependência da Kepler ao programa já foi maior, na ordem de 60-70% entre 2019 e 2020.

“A companhia foi realizando um trabalho de diversificação de negócios, nos segmentos internacional, portos e serviços. Trilhamos um caminho nos últimos anos de sermos menos dependentes do Plano Safra. Todo esse imbróglio quanto ao programa coloca menos dinheiro na mesa, mas só nos afeta em 15%. Em 2024, o Plano Safra vigente liberou algo próximo de 30% do total dos nossos negócios, e isso demonstra que a Kepler não sofreu muito com isso ao longo do ano”.

E os dividendos?

Arroyo reforçou que a Kepler foi a maior pagadora de dividendos no setor do agronegócio brasileiro em 2024 e a segunda maior pagadora da B3 no segmento de Capital Goods (bens de capital).

“No ano passado, fizemos dividendos da ordem de 72% dos lucros e 9,1% de retorno aos investidores. Em 2025, vemos excelentes possibilidades de mantermos essa tendência de pagamentos, porque somos uma companhia que já tem e vai gerar mais caixa”.

Arroyo e Nogueira destacam que o Retorno sobre Capital Investido (ROIC) alcançou 35% em 2024, bem acima da média de mercado, que gira em torno de 15% a 18%.

“Olhando o cenário macro, apesar da questão de juros altos, que sem dúvida é o inibidor, vemos uma safra crescendo bastante, em até 12%, o preço de milho avançando, usinas de etanol de milho e cereais sendo criadas aqui no Brasil. São ventos bastantes positivos para fazermos um 2025 maior em volumes”, comentam.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.