Kepler Weber (KEPL3), 3tentos (TTEN3) e Rumo (RAIL3) buscam ganhos logísticos com novas tecnologias
Historicamente, a logística é ao mesmo tempo um dos pilares e um dos gargalos para produtores rurais e empresas do agronegócio. Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber (KEPL3), Luiz Dumoncel, fundador da 3tentos (TTEN3) e Pedro Palma, CEO da Rumo (RAIL3) discutiram os avanços promovidos por suas empresas nesse segemento, e o que está sendo preparado para os próximos anos.
Os executivos detalharam novas tecnologias implementadas para otimizar a produção rural e se mostraram otimistas com 2025. Eles fizeram o primeiro painel setorial do AgroForum, organizado pelo BTG Pactual nesta segunda-feira (4).
Na abertura do evento, o CEO do BTG, Roberto Sallouti, destacou a importância do setor, contribuindo com o que ele chamou de transformação estrutural da economia brasileira em relação às contas externas. Sallouti encerrou sua fala dizendo que atualmente, mais de 20% do portfólio de créditos do Banco é dedicado ao setor, com 10 milhões de toneladas de produtos originados por trading do BTG no último ano.
Eficiência e inovação logística no agronegócio
A discussão foi moderada por Lucas Marquiori, um dos sócios do BTG, que começou questionando os executivos sobre o déficit logístico do setor em relação à armazenagem. Para Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber (KEPL3), os investimentos em logística ainda estão tentando acompanhar a grande expansão da produção agrícola, principalmente no Cerrado.
“Em duas décadas, saímos de 100 milhões de toneladas, majoritariamente no Paraná (PR) e no Rio Grande do Sul (RS), para 330 milhões de toneladas, majoritariamente no Cerrado”, afirmou. Na visão do executivo, a tendência é que com estruturas mais estabelecidas na região, os produtores consigam cada vez mais priorizar investimentos em logística. “É como se fosse uma pirâmide de base, que se consolida e vai subindo até atingir um pico de investimento”.
Sobre a Kepler Weber, o CEO vê demanda crescente por equipamentos cada vez mais autônomos, gerando um desafio maior com a mão de obra. Como exemplo, citou uma tecnologia desenvolvida para smartwatches que é capaz de informar sobre as áreas de cultivo em tempo real. “Temos informações de quanta soja e quanto milho tem no brasil e quais os picos de armazenagem de ambos. Ter essa informação gera muita eficiência”, contou.
Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos (TTEN3), acredita que a distribuição, realizada majoritariamente por transporte rodoviário, precisa ser revista. Segundo ele, investimentos em inteligência logística e em transportes intermodais podem otimizar o processo, para que caminhões não andem com cargas vazias.
“Estamos investindo na arbitragem entre os arcos Norte e Sul para nos gerar cada vez mais competitividade. Vamos continuar com foco nos nossos clientes, no produtor rural que vem entregando muito resultado, absorvendo tecnologias avançadas”, disse. O executivo também ressaltou que o foco da 3tentos é a industrialização do interior, principalmente no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul.
Quanto à Rumo (RAIL3), o destaque ficou para o crescimento da operação ferroviária, que em dez anos foi de 12 milhões de toneladas transportadas para 25 milhões de toneladas por ano no Mato Grosso (MT), segundo o CEO Pedro Palma. A empresa já investiu cerca de R$ 30 bilhões em infraestrutura.
“A condução dos nossos trens é automática em mais de 90% da jornada. Temos maquinistas monitorando o equipamento, mas quem define a melhor velocidade para uma curva, por exemplo, já é um algoritmo”, disse. As manutenções realizadas nas vias também são mapeadas por sistemas de inteligência que atuam na prevenção, gerando maior segurança na execução do transporte. Para o CEO da Rumo, todos esses ganhos de eficiência já se traduzem em um ganho de competitividade.