Eleições Americanas

Nome de Kamala Harris gera alívio no Planalto, mas Trump continua como favorito no mercado, diz XP

22 jul 2024, 15:26 - atualizado em 22 jul 2024, 15:26
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Apesar de gerar esperança no Planalto, Kamala Harris enfrenta forte rejeição por eleitores dos EUA (Imagem: Reuters/Nathan Howard)

Com a saída neste domingo (21) de Joe Biden, atual presidente dos Estados Unidos, da corrida eleitoral norte-americana, aumentam as apostas de que sua vice, Kamala Harris, seja o nome escolhido pelos democratas para combater o republicano Donald Trump.

Os analistas da XP Investimentos, liderados por Fernando Ferreira, diretor de research e estrategista-chefe, disseram ver reações positivas no Planalto, apesar de considerarem que o cenário-base continua sendo o de uma vitória de Trump.

Nesta segunda-feira, o presidente Lula afirmou em seu perfil no X (antigo Twitter) que a relação do Brasil será com quem for eleito pelos EUA. “Temos uma parceria estratégica com os Estados Unidos e queremos mantê-la”, afirmou.

Para Junia Gama, analista política da XP, o anúncio da saída de Joe foi recebido com entusiasmo e, apesar do cuidado de Lula ao comentar o cenário eleitoral, alguns ministros comemoraram a decisão, como Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), que considerou a decisão uma demonstração de “notável sabedoria, grandeza e coragem”.

Junia afirma que, no caso de um democrata no governo dos Estados Unidos em 2026, o cenário seria visto como positivo pelo governo, aumentando o apoio para uma possível reeleição de Lula.

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Campanha de Kamala Harris pode apostar em nomes de estados decisivos para vice-presidência

Para Sol Azcune, analista política, a tendência é de que o nome de Kamala Harris seja confirmado durante a convenção do Partido Democrata, que ocorre entre 19 e 22 de agosto, mas as apostas continuam concentradas em torno do nome de Trump, apesar do aumento na possibilidade de surpresas durante a corrida presidencial.

Sol também lembra que o engajamento é prioritário em uma eleição cujo voto não é obrigatório, como são as eleições nos Estados Unidos.

Segundo o site FiveThirtyEight, que concentra projeções para as eleições norte-americanas, a maioria dos cidadãos desaprova o nome da atual vice-presidente de Biden, com apenas 38,6% da população aprovando a candidata.

Entre as possibilidades de nomes para um vice-presidente de Harris, duas apostas surgem: Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, e Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, ambos estados-pêndulo, ou seja, que não demonstram preferência por um partido.

Nvidia perde com Trump no poder?

Enquanto o mercado ainda aposta em uma vitória de Donald Trump e com a possibilidade de dois cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), a preferência tem sido por ações cíclicas, de bancos regionais ou petrolíferas, enquanto os papéis de Big Techs lideram as perdas nas bolsas de Nova York.

Maria Irene Jordão, analista global, afirma que o movimento é realizado por haver a visão de que uma vitória do republicano favoreceria as ações de bancos regionais, com simplificação de regulamentações, e uma posição mais crítica com relação às Big Techs.

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Para a Nvidia (NVDC34), fabricante de chips que cada vez mais expande sua atuação na China, o impacto também seria sentido, com a adoção de uma posição mais protecionista de Trump em relação ao gigante asiático.

Francisco Nobre, economista, pontua que as apostas do mercado continuam sendo a de uma taxa de juros mais alta por mais tempo, reiterando que nem Harris, nem Trump apresentam um anúncio de aumento de impostos, que poderia diminuir a dívida crescente do país.

Nobre também afirma que a tática do republicano de propor a redução de impostos e aplicação de políticas pró-mercado, aumentando a arrecadação e esperando por um equilíbrio do fiscal ao longo do tempo, é vista como otimista.