Agronegócio

Justiça adia leilão de fábricas da Imcopa após Bunge pedir mais dados para oferta

06 dez 2019, 15:36 - atualizado em 06 dez 2019, 15:36
O leilão dos ativos das duas unidades do grupo Imcopa estava previsto para 4 de dezembro (Imagem: REUTERS/Roberto Samora)

Uma juíza brasileira adiou o leilão de duas processadoras de soja no Paraná, depois que a comerciante de grãos norte-americana Bunge alegou que o vendedor forneceu informações “escassas e incompletas” sobre os ativos, de acordo com documentos judiciais vistos pela Reuters nesta sexta-feira.

O leilão dos ativos das duas unidades do grupo Imcopa, que estava previsto para 4 de dezembro e faz parte do plano de recuperação judicial do vendedor, foi remarcado para 17 de fevereiro.

A Imcopa e o administrador judicial do caso concordaram com o cancelamento do leilão marcado para esta semana, de acordo com os documentos.

A Bunge alegou em uma petição que encontrou informações desatualizadas ou incompletas no “data room” da Imcopa, o que dificultaria a análise dos riscos do potencial investimento.

A Bunge disse não ser possível saber se as plantas possuem licenças ambientais, licenças de funcionamento e demais autorizações necessárias para operação dos ativos.

A unidade brasileira da trading também citou “inconsistências” entre o plano de recuperação aprovado pelos credores da Imcopa em 2017 e o edital de venda, publicado em outubro.

As inconsistências seriam principalmente relacionadas à possibilidade de as plantas serem vendidas separadamente pela Imcopa.

De acordo com a interpretação que Bunge faz do plano de recuperação da Imcopa, as duas plantas devem ser vendidas em conjunto, como parte de uma mesma “Unidade Produtiva Isolada”.

Concordando em parte com os argumentos da Bunge, a juíza Mariana Gusso ordenou que a Imcopa atualize o “data room”, de acordo com uma decisão de 3 de dezembro vista pela Reuters, embora tenha declarado que o plano de recuperação da Imcopa permite “a constituição de até duas UPI’s”.

A Bunge recusou-se a comentar.

A oferta mínima para cada uma das plantas é de 25 milhões de reais.

A dívida combinada vinculada às duas plantas, que os compradores terão de assumir, é de 1,043 bilhão de reais, de acordo com informações públicas de dezembro de 2018.

A Imcopa, que produz óleo de soja e proteína de soja concentrada (SPC) para uso como ração animal, é uma das maiores processadoras da oleaginosa não-transgênica do Brasil.

A Imcopa também se recusou a comentar.

“A Bunge não só pretende adquirir as duas plantas industriais, garantindo recursos relevantes para o processo de soerguimento das recuperandas… como pretende contratar parte expressiva dos atuais colaboradores alocados nas plantas de Araucária e Cambé (…),” de acordo com a petição de 26 de novembro.

Além da Bunge, a Reuters identificou pelo menos outros dois potenciais compradores para as fábricas da Imcopa no Paraná, incluindo a CJ Selecta, de propriedade da sul-coreana CJ Cheiljedang, e a unidade local da russa Sodrugestvo.

Nenhuma delas respondeu a pedidos por comentários.

Em agosto, enquanto se preparava para vender os ativos, a Imcopa rescindiu unilateralmente um contrato de arrendamento das duas plantas com o Grupo Petrópolis, alegando quebra de contrato.