Just do it: Nike planeja tokenizar na Ethereum
Em uma patente norte-americana, datada em 10 de dezembro, Nike esboçou planos para um sistema que digitalizasse os famosos calçados como tokens não fungíveis (NFTs) no blockchain da Ethereum.
Ao criar um ativo digital criptografado em uma rede de blockchain descentralizada, conectada a um par de tênis exclusivo, Nike espera abrir novos caminhos para design criativo, melhorar a colecionabilidade dos modelos clássicos e recuperar lucros perdidos do comércio prejudicado pelas falsificações.
CryptoKicks, os “criptopisantes”
De acordo com a patente, quando um comprador escolhe um novo par de tênis no CryptoKicks, uma representação tokenizada digital do calçado é gerada. Esse ativo criptográfico conecta o comprador e o tênis no blockchain.
Junto com todos os selos de um token não fungível baseado em blockchain, como carimbos de data/hora e dados de transação, o token contém um conjunto completo de “dados genótipos e fenótipos” para aquele tênis específico.
Isso pode incluir cores, estilos e materiais, além de ser mostrado como um “avatar gerado por computador” ou uma “interpretação de edição limitada de um artista” do calçado.
Quando o usuário abre o aplicativo CryptoKicks, pode entrar na rede descentralizada, visualizar o modelo virtual do tênis e se comunicar com outros usuários para negociar, trocar ou se envolver no “cruzamento” de um tênis específico em uma plataforma parecida com a dos CryptoKitties, só que mais fashion.
“[O comprador pode] armazenar o sapato digital em uma carteira de criptoativos ou em outro ‘cofre’ digital de blockchain, misturar ou ‘cruzar’ um sapato digital com o outro para criar uma ‘prole de calçados’ e, com base nas regras aceitáveis de fabricação de sapatos, fazer com que o sapato recém-procriado e customizado seja um par novo e tangível.”
Para designers amadores com brilho nos olhos, essa engenharia de genética artificial poderia resultar em possibilidades infinitas para soltar a criatividade nos tênis da Nike.
Os fãs na rede podem combinar modelos favoráveis a fim de criar “pisantes procriados colaborativamente” que expressem uma combinação única de genes recessivos e dominantes.
Até os acontecimentos no mundo real podem causar impacto no processo reprodutivo, com visitas às lojas da Nike, aumentando a probabilidade de boas mutações de genes que resultem em novos recursos.
Em uma possibilidade ainda mais obscura, a patente destaca uma situação em que o tênis virtual no CryptoKick se torne uma “criatura viva” — como os jogos Neopets e Pokémon —, que o dono deve fornecer um cuidado no processo de evolução da infância à fase adulta, desbloqueando diferentes tênis físicos em cada etapa.
Em outro local, uma representação virtual desses mesmos calçados poderiam ter um papel fundamental em outros locais digitais e até mesmo serem importados em plataformas digitais para atuar como uma skin de um personagem de um jogo.
Um mercado em ascensão
A representação dos tênis, usando os tokens ERC-721 não fungíveis da Ethereum, é mais do que apenas a transformação de objetos únicos e colecionáveis e capitalização da gamificação.
Por meio de um sistema baseado em blockchain, Nike poderia coletar valiosos dados de clientes da atividade coletiva dos usuários quando estes criam calçados, além de entrar no crescente mercado de revenda de tênis para recuperar lucros perdidos.
Agora, existe um mercado secundário em ascensão, onde tênis de edição limitada são trocados da mesma forma que carros clássicos, móveis antigos ou tazos.
Além disso, apesar do mercado ter sido estimado em US$ 2 bilhões anteriormente este ano, fabricantes de tênis como a Nike não estão ganhando dinheiro nessas vendas.
A tokenização pode ser vista como uma forma de retomar controle do mercado secundário que, de acordo com Sam Poser, analista de pesquisa sobre calçados, em entrevista à Business Insider, pode ser uma fonte valiosa de dados.
“O que [o mercado secundário] está realmente fazendo é fornecer uma medida de demanda para a marca”, afirmou ele, “que o ajuda a entender quanto se deve fornecer ao mercado, para que não haja excesso nem muitos descontos.”
Enquanto isso, outros projetos de tokenização viveram altos e baixos. O mercado imobiliário, antes considerado um dos mercados mais maduros para ruptura, enfrentou contratempos significativos.
O acordo de acomodação estudantil de US$ 20 milhões entre a Harbor, startup baseada em blockchain de São Francisco, e a DRW Holdings, empresa de negociação de Chicago do ramo imobiliário, entrou em colapso em abril.
A enorme tokenização pública de um desenvolvimento imobiliário luxuoso na cidade de Nova York foi descontinuada em novembro, e um porta-voz mencionou um “apetite institucional” insuficiente.