Arena do Pavini

Juros para pessoa física e empresas caem em junho, apesar da estabilidade da Selic

10 jul 2018, 23:16 - atualizado em 10 jul 2018, 23:16

Por Arena do Pavini – As taxas de juros nas operações de crédito tiveram pequena queda em junho, mesmo diante da estabilidade da Selic (juro básico da economia) em 6,5% ao ano, definida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) mostra que no mês passado os juros nos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas registraram a quarta redução consecutiva — mas continuam elevados e em descompasso em relação ao corte da taxa básica.

Pessoa física paga menos em todas as modalidades; média cai de 127,25% para 126,23% ao ano

Das seis linhas de crédito destinadas a pessoas físicas pesquisadas pela Anefac, todas foram reduzidas em junho. A taxa de juros média apresentou redução de 0,04 ponto percentual no mês, passando de 7,08% ao mês (127,25% ao ano) em maio de 2018 para 7,04% ao mês (126,23% ao ano) em junho — a menor desde junho/2015. (Ver tabela).

Para empresas, taxa média recua de 59% para 57,5% ao ano

Para as empresas, o movimento se repete. Os juros das três linhas de crédito pesquisadas tiveram redução no mês. A taxa de juros média para pessoa jurídica recuou 0,08 ponto percentual no mês. Passou de 3,94% ao mês (59,00% ao ano) em maio para 3,86% ao mês (57,54% ao ano) em junho, sendo esta a menor taxa desde fevereiro de 2015.

Nas operações de Capital de Giro, houve uma redução de 5,15%, passando a taxa de juros de 1,94% ao mês (25,93% ao ano) em maio de 2018, para 1,84% ao mês (24,46% ao ano) em junho. No caso do Desconto de Duplicata, a redução foi  de 3,04%, passando a taxa de 2,30% ao mês (31,37% ao ano) em maio para 2,23% ao mês (30,30% ao ano) em junho. Já na Conta Garantida, houve uma redução de 1,19%, com a taxa passando 7,59% ao mês (140,58% ao ano) em maio para 7,50% ao mês (138,18% ao ano) em junho de 2018.

Diminuição de compulsório e perspectiva de inadimplência menor permitiram redução

O diretor da Anefac e coordenador da pesquisa, Miguel de Oliveira, acredita que as reduções podem ser atribuídas a três fatores principais: diminuição dos depósitos compulsórios pelo BC, que entrou em vigor no último mês de abril; recuperação do cenário econômico em relação aos momentos recessivos, o que reduz o risco da inadimplência, e ainda taxas de juros e spread (diferença entre os que os bancos pagam na captação de recursos e o que cobram do tomador final) em patamares elevados. Ou seja, taxas com “gorduras”, que possibilitam a redução na ponta dos financiamentos, mesmo sem novos cortes na Selic.

Descompasso entre Selic e empréstimos ainda é grande

Considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março/2013, destaca a Anefac, houve no período (março/2013 a junho/2018) queda de 0,75 ponto percentual da Selic (redução de 10,34%), de 7,25% ao ano para 6,50% ao ano.

Neste mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 38,26 pontos percentuais (elevação de 43,49%), de 87,97% ao ano para 126,23%. Já nas operações de crédito para pessoa jurídica, houve alta de 13,96 pontos percentuais (+ 32,03%), passando de 43,58% ao ano em março de 2013 para 57,54% ao ano em junho deste ano.

Anefac vê espaço para continuidade da queda nas taxas dos empréstimos

Para Oliveira, mesmo com a deterioração das previsões em variáveis importantes da economia, como PIB, emprego e taxa de câmbio, a tendência ainda é que os juros na ponta dos empréstimos continuem sendo reduzidos gradualmente nos próximos meses.

“Ainda que o cenário agora esteja menos positivo do que se esperava anteriormente, a economia saiu de uma fase recessiva, o que significa menor risco de crédito”, avalia. “Isso, somado às atuais taxas de juros das operações de crédito, ainda bastante elevadas, e maior concorrência entre os bancos, entre outros fatores, permite a continuidade da redução dos juros, mesmo que a taxa básica se mantenha estável”, completa o consultor, estimando a manutenção da Selic em 6,5% na próxima reunião do Copom.

Taxas de juros – Pessoas Físicas
Linha de crédito Maio/2018 . Junho/2018
Mês Ano Mês Ano Var % Var PP
Juros comercio 5,30% 85,84% 5,28% 85,42% -0,38% -0,02
Cartão de crédito 12,02% 290,43% 11,93% 286,69% -0,75% -0,09
Cheque especial 12,03% 290,85% 11,97% 288,35% -0,50% -0,06
CDC Banco/Veic 1,89% 25,19% 1,87% 24,90% -1,06% -0,02
Emp Pes-bancos 4,02% 60,47% 4,00% 60,10% -0,50% -0,02
Emp Pes-Finan. 7,24% 131,36% 7,20% 130,32% -0,55% -0,04
Taxa Média 7,08% 127,25% 7,04% 126,23% -0,56% -0,04

Fonte: Anefac

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