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Juros futuros despencam com expectativa por anúncio de pacote fiscal após falas de Haddad

04 nov 2024, 18:26 - atualizado em 04 nov 2024, 18:26
Juros Futuros
Os juros futuros recuaram mais de 20 pontos-base na comparação com o ajuste anterior após falas de Haddad sobre cenário fiscal (Imagem: inkdrop)

As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira (4) com fortes baixas, de 25 pontos-base em alguns vencimentos longos, após o ministro da Fazenda,  Fernando Haddad, cancelar viagem à Europa e indicar que as novas medidas fiscais do governo devem ser anunciadas nesta semana.

A queda das taxas no Brasil também está em sintonia com o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, Treasuries, depois de uma pesquisa mostrar a candidata presidencial democrata, Kamala Harris, à frente do republicano Donald Trump no Estado de Iowa — tradicional reduto republicano nos EUA.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,324%, ante 11,328% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,895% ante 13,081%.

O trecho curto da curva traduziu o aumento das apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a taxa básica de juros, a Selic, em 50 pontos-base na próxima quarta-feira — um dia após a eleição nos EUA e um dia antes da decisão do Federal Reserve sobre juros.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 95% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic na quarta, contra 5% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na sexta-feira (1º) os percentuais eram de 88% e 12%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,97%, em queda de 25 pontos- base ante o ajuste de 13,219%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,88%, ante 13,124%.

Pacote fiscal de volta à vista dos investidores

Após a forte alta da sexta-feira (1º), as taxas futuras já começaram o dia com baixas firmes, reagindo positivamente ao cancelamento da viagem de Haddad à Europa para se dedicar a “temas domésticos”, conforme nota divulgada pelo ministério no domingo (3).

O otimismo dos investidores foi reforçado no fim da manhã após Haddad afirmar que as medidas fiscais discutidas pelo governo estão “adiantadas” e que teria uma reunião sobre o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta segunda-feira (4).

Haddad deixou a Fazenda e foi para o Planalto no meio da tarde para discutir as medidas a serem adotadas. Os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão) também participam da reunião com o presidente.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, mesmo que as medidas não sejam anunciadas hoje, a permanência de Haddad em Brasília já foi um sinal positivo emitido pelo governo, trazendo alívio à curva.

Exterior

O exterior era outro fator favorável. No fim de semana, pesquisa mostrou Kamala com 47% das intenções de voto em Iowa, contra 44% de Trump. O resultado está dentro da margem de erro, de 3,4 pontos percentuais, mas ajudou na desmontagem de parte do “Trump trade” — as apostas no mercado de que o republicano vencerá a corrida eleitoral.

Como Trump é visto como um candidato com políticas mais inflacionárias, a pesquisa favorável a Kamala fez os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries, de dez anos cederem para abaixo de 4,30% durante a sessão, o que também pesou sobre a curva a termo brasileira.

Às 16h36 (horário de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 6 pontos-base, a 4,305%.

*Com informação de Reuters

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