Economia

Juros do Tesouro Direto caem com Bolsonaro; NTN-B 2045 ganha 23% em 30 dias

29 out 2018, 13:59 - atualizado em 27 set 2019, 13:42

Por Arena do Pavini – A confirmação da vitória de Jair Bolsonaro, do PSL, na eleição presidencial de domingo, acentuou a queda das taxas de juros dos títulos públicos federais negociados pelo sistema do Tesouro Direto. Os papéis prefixados com juros no fim (LTN) de prazo mais longo, para 2025, pagam hoje 9,59% ao ano para o investidor, ante 10,07% na sexta-feira. É a taxa mais baixa desde os 9,55% de 30 de abril deste ano. O Tesouro Direto permite ao investidor de varejo a compra de papéis do Tesouro Nacional pela internet com as mesmas taxas pagas aos grandes investidores. A compra deve ser feita por meio de uma corretora de valores.

O papel para 2023 paga hoje 9,06%, ante 9,49% de sexta-feira, uma baixa expressiva para os padrões do mercado. Já o título com vencimento mais curto, em 2021, recuou de 8,32% ao ano para 8,03%, reforçando a expectativa de que a queda do dólar deve ajudar a manter a inflação sob controle, permitindo ao Banco Central (BC) manter a taxa básica de juros Selic no nível atual, de 6,5% ao ano, no próximo ano também.

A queda dos juros reflete a expectativa de que o novo governo reduza o déficit fiscal do país, o que permitiria uma desaceleração do crescimento da dívida pública e dos juros pagos para rolar esses papéis.

NTN-Bs 2035 e 2045 pagam 5,03% reais

Já os papéis mais longos corrigidos pela inflação, as NTN-B Principal, com juros no final, também chamadas de Tesouro IPCA+, estão pagando juros reais menores hoje. O título com vencimento em 2024 pagava hoje 4,56% ao ano mais IPCA, ante 4,81% na sexta-feira. Os títulos para 2035 e para 2045 pagam hoje 5,03% ao ano mais IPCA, ante 5,23% na sexta-feira, o menor juro real desses papéis desde 29 de janeiro deste ano.

NTN-B 2045 sobe 23,4% em 30 dias

Com a queda nas taxas, os papéis antigos no mercado, com juros mais altos, se valorizam. E, quanto maior o prazo, maior o ganho se o investidor fosse vender o papel agora. Por isso, o maior ganho é das NTN-B 2045, que apresentam valorização nos últimos 30 dias de 23,41%. Esse ganho reflete a queda da taxa de juros do papel, de 5,95% ao ano para os atuais 5,03%. Mas, no mês passado, quando os juros subiram, esse mesmo papel havia caído 6,02%, o que mostra a oscilação provocada pelas taxas de mercado. No acumulado do ano, a NTN-B 2045 sobe 16,76% e, em 12 meses, de 13,98%.

Ganho é só virtual, para quem vender o papel agora

Esses percentuais só valem para quem for vencer o papel no mercado hoje, antes do vencimento. Quem ficar com ele até o vencimento receberá exatamente o percentual da aplicação. O ganho atual nada mais é que a antecipação desse retorno que o investidor teria até o vencimento. É o que o mercado chama de “valor presente” dos juros futuros.
Já a NTN-B 2035 sobe 14,43% em 30 dias, também refletindo a queda dos juros. A queda dos juros é a mesma da dos 2045, mas o ganho é menor porque o prazo do papel também é menor. E o impacto da queda dos juros é proporcional ao prazo do título. No ano, a NTN-B 2035 sobe 13,6% e, em 12 meses, 12,48%.

LTN 2025 sobe 11,74%

Os papéis prefixados também apresentam fortes ganhos nos últimos 30 dias. A LTN 2023 sobe 7,64% em 30 dias e a 2025, 11,74%. No ano, o papel para 2023 sobe 11,25% e, em 12 meses, 12,6%. O papel para 2025 é mais recente e não tem essas variações mais longas.

Essa alta dos títulos federais será sentida também pelos investidores em fundos renda fixa com prazo mais longo, ou duração alta, como chamam os bancos. Fundos multimercados também podem ter ganhos, de acordo com a estratégia do gestor. Quanto maior a parcela de prefixados e pós-fixados longos, maior o retorno. Analistas recomendam até que os investidores aproveitem a valorização atual dos papéis para realizar lucros e aplicar em títulos pós-fixados, corrigidos pela Selic, aguardando turbulências que possam elevar de novo os juros dos papéis, ou diversifiquem em multimercados ou ações.

Títulos Vencimento 30 dias Setembro 2018 12 meses Juro compra Juro venda
Prefixado 01/01/2019 0,50 0,54 5,62 7,40 6,47
Prefixado 01/01/2020 1,64 1,09 7,44 9,75 7,29
Prefixado 01/01/2021 3,30 1,37 9,27 11,40 8,03 8,15
Prefixado 01/01/2023 7,64 2,60 11,25 12,60 9,18
Prefixado 01/01/2025 11,74 4,01 9,59 9,71
Pré juro semestral 01/01/2021 2,95 1,38 8,52 10,55 8,11
Pré  juro semestral 01/01/2023 5,94 2,50 9,58 10,83 9,15
Pré  juro semestral 01/01/2025 7,85 3,74 10,47 10,59 9,59
Pré  juro semestral 01/01/2027 9,04 4,49 10,11 9,64 9,93
Pré juro semestral 01/01/2029 10,04 4,51 9,96 10,08
Tesouro Selic 01/03/2021 0,45 0,40 5,26 6,49 0,03
Tesouro Selic 01/03/2023 0,32 0,34 5,11 6,33 0,01 0,05
IPCA+ 15/05/2019 0,64 0,91 6,27 7,70 2,45
IPCA+ 15/08/2024 7,14 -0,56 10,73 10,12 4,56 4,68
IPCA+ 15/05/2035 14,43 -3,61 13,60 12,48 5,03 5,15
IPCA+ 15/05/2045 23,41 -6,02 16,76 13,98 5,03 5,15
IPCA+ juro semestral 15/08/2020 1,58 1,09 7,98 9,17 3,42
IPCA+ juro semestral 15/08/2024 5,97 -0,17 9,91 9,83 4,62
IPCA+ juro semestral 15/08/2026 7,40 -0,72 10,21 10,99 4,60 4,72
IPCA+ juro semestral 15/05/2035 10,03 -1,84 11,62 11,42 4,90 5,02
IPCA+ juro semestral 15/05/2045 12,18 -2,34 12,37 12,14 5,14
IPCA+ juro semestral 15/08/2050 13,30 -2,59 12,64 12,02 5,02 5,14

(Fonte: Tesouro Direto. Rentabilidades em porcentagem acumulada nos períodos de 30 dias, no mês anterior, no ano e em 12 meses. Juros ao ano para aplicação (compra do papel) e resgate (venda do papel).

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