Juro precisa ir a 1% logo ou recuperação da economia vai demorar muito
O Banco Central precisa acelerar os cortes da Selic até o nível de 1% ou poderá perder a efetividade da política monetária no enfrentamento dos efeitos da crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus. Esta é a avaliação da ASA Investments, gestora do grupo Alberto Joseph Safra, em um relatório assinado pelo economista e diretor Carlos Kawall.
Considerando as projeções de queda de PIB de 5,8% em 2020, a alta de 2,8% em 2021 e crescimento de 2,5% a partir de então, o hiato do produto da economia brasileira se fecharia apenas ao final de 2023, explica a ASA. O hiato é calculado pela diferença entre o PIB corrente e o potencial.
“A combinação de hiato do produto em terreno ainda significativamente negativo e a dinâmica bastante benigna esperada para a inflação à frente corrobora a visão de que o atual ciclo de afrouxamento monetário ainda não deve ter chegado ao seu fim”, destaca o documento também assinado por Gustavo Ribeiro e Leonardo Costa.
Com isso, os economistas esperam que a Selic seja levada a patamar próximo a 1% no início de 2021, impedindo que a inflação do próximo ano se afaste ainda mais da meta, hoje entre 2,5% e 5,5% ao ano.
“Por fim, com inflação tão baixa, em conjunção a um juro neutro também baixo, se não ainda em queda, a política monetária corre o risco de se tornar pouco estimulativa. Tal fato postergaria ainda mais a recuperação da atividade e do desemprego, ampliando o custo social da atual crise. Torna-se mister, portanto, continuar com o processo de afrouxamento monetário em curso”, concluem Kawall, Ribeiro e Costa.
O último movimento do Copom foi de corte dos juros, levando-a 2,25% ao ano após uma redução de 0,75 ponto percentual em junho. A próxima decisão acontece em 5 de agosto. Depois, em 16 de setembro, 28 de outubro e 9 de dezembro.