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Junto à covid zero, embarques chineses em queda aos EUA se refletiram em importações menores

06 dez 2022, 15:37 - atualizado em 06 dez 2022, 15:37
Soja no porto de Santos
Importações de soja pela China estão mais lentas em 2022, como de outras commodities (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

As exportações da China não têm relação nenhuma com a política de covid zero. As importações por óbvio que sim. Porém, não foram só as restrições em 2022 que desaceleram a economia, e reduziram as compras de commodities e carnes, mas também a redução dos embarques internacionais que encurtaram a entrada de dólares no mercado.

Embora o país tenha diminuído bastante seu grau de dependência das exportações, essa corrente comercial se mantém em importância decisiva para as cadeias produtivas de manufaturas e produtos de tecnologia.

Os números em queda para os Estados Unidos são os mais preocupantes, porque, como principal destino dos embarques chineses, com mais de US$ 540 bilhões em 2021 (superávit de mais de US$ 300 bilhões), são referências para o ingresso de divisas no país.

Dados do governo americano mostram que de US$ 55,9 bilhões em importações de manufaturados da China, em junho, caíram consecutivamente para US$ 47 bilhões em outubro. Na comparação com os valores absolutos anuais, parece pouco, mas isso também indica que há um efeito cascata contaminando as atividades produtivas dependentes desse comércio.

Outra visão interessante é que a menor disposição das importações dos EUA não tem relação direta com a economia do país, que veio de inflexão inflacionária e alta seguida dos juros neste semestre.

Houve um desvio maior para importações da Europa, também fornecedora de manufaturas e produtos de tecnologia.

A plataforma Project44, especializada em monitorar as cadeias mundiais de suprimento, detectou que ao longo de 2022 o volume de contêineres que chegam à costa Leste dos EUA foi reduzido, enquanto na costa Leste houve um aumento significativo.

Ou seja, a principal porta de entrada da rota oceânica desde a Ásia registrou um declínio de 21% de TEUs (medida padrão de um contêiner de 20 pés), somente de agosto de novembro. Já no caminho final desde a Europa, os terminais marítimos orientais dos EUA recepcionaram 20% de TEUs.

“O boom comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos não se deve somente à pandemia, mas a uma mudança estratégica da dependência excessiva do comércio com a China e às tensões geopolíticas sobre a Rússia”, analisa Josh Brazil, vice-presidente de Supply Chain Insights da Project44.