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Julius Baer quer crescer no Brasil, América Latina e abrir negócio nos EUA

28 set 2020, 7:15 - atualizado em 28 set 2020, 7:15
Julius Baer
O Julius Baer fechou ou vendeu quatro escritórios nas Américas desde 2019, mas está crescendo no Brasil, México, Chile e Colômbia, onde está considerando aquisições, alianças estratégicas e joint-ventures, disse Beatriz chefe do banco nas Américas (Imagem: Facebook/Julius Baer)

O Julius Baer avalia iniciar um negócio de gestão de fortunas nos EUA, ao mesmo tempo em que busca parcerias ou aquisições em seus principais mercados latino-americanos.

“Eu não estaria fazendo meu trabalho como alguém totalmente comprometido em tornar competitivos nossos negócios nas Américas para o Julius Baer se não estivesse seriamente olhando uma plataforma nos EUA”, disse Beatriz Sánchez, chefe do banco nas Américas, em entrevista virtual da Suíça.

O Julius Baer fechou ou vendeu quatro escritórios nas Américas desde 2019, mas está crescendo no Brasil, México, Chile e Colômbia, onde está considerando aquisições, alianças estratégicas e joint-ventures, disse Beatriz. O objetivo é estar entre os cinco maiores gestores de fortunas da América Latina. Ela disse anteriormente que o banco ocupa aproximadamente o sexto ou sétimo lugar na região.

Miami e Nova York são locais importantes para o negócio de private banking que serve aos ricos da América Latina. Mas o banco sediado em Zurique está considerando se sua expansão incluirá também outros tipos de clientes.

“A questão sobre uma plataforma nos Estados Unidos é: que tipo de operação queremos e para cobrir quais mercados? E essa é uma decisão que levamos muito a sério”, disse Beatriz, preferindo não dar mais detalhes sobre o que está sendo considerado.

Há um obstáculo potencial para os planos de expansão do banco: os reguladores suíços proibiram o Julius Baer de fazer aquisições “grandes e complexas” como punição por não fazer mais para evitar a lavagem de dinheiro em suas operações na América Latina. O banco foi obrigado a revisar suas iniciativas contra a lavagem de dinheiro e mudar a maneira como recruta, administra e paga seus executivos.

Beatriz disse que essas investigações provêm de práticas existentes antes do início de 2018. Desde então, o banco passou por um “tremendo processo de remediação”, reforçando seus códigos de conduta e garantindo ter “todo o conhecimento sobre um cliente”, disse ela. Agora o Julius Baer está “focado no futuro”.

A possível expansão do Julius Baer nos EUA se compara à estratégia de um de seus principais concorrentes, o Credit Suisse, que deixou a América do Norte há vários anos após concordar em pagar ao Departamento de Justiça uma multa de US$ 2,6 bilhões por ajudar os clientes a evitar impostos.

O presidente Thomas Gottstein disse no início deste mês que o banco deveria “examinar” essa decisão, embora não tivesse planos imediatos de retornar.

No Brasil, o maior mercado na América Latina, o Julius Baer concluiu em fevereiro a fusão de duas empresas locais de gestão de fortunas que adquiriu no passado, a Reliance e a GPS, criando uma empresa com cerca de R$ 50 bilhões em ativos sob gestão e 200 funcionários.

A operação combinada agora está investindo na integração de culturas e na criação de uma nova plataforma de tecnologia, de acordo com Jan Karsten, presidente do banco para o Brasil.

Marcelo Steuer, sócio fundador da Reliance, decidiu se aposentar e passou a integrar o conselho da Julius Baer Family Office no Brasil, disse Beatriz.

As ofertas públicas iniciais de ações de empresas brasileiras estão crescendo este ano e isso está liberando liquidez para clientes ricos e trazendo mais negócios para gestores de fortunas, disse Karsten em uma entrevista conjunta com Beatriz. Mas o surto global de Covid-19 criou obstáculos.

“Mal tivemos tempo de começar a trabalhar juntos e a pandemia nos atingiu”, disse ele, acrescentando que os dois andares do novo escritório no centro financeiro de São Paulo, para o qual eles se mudaram em agosto do ano passado, estão desde março quase completamente vazios.

Eles permanecerão assim enquanto as taxas de infecção continuarem altas, disse Karsten, acrescentando que o Julius Baer está permitindo que os funcionários decidam por si próprios se voltam aos escritórios no Brasil, inclusive no Rio e Belo Horizonte.

Como parte de sua expansão no Brasil, o Julius Baer comprou no ano passado uma participação minoritária na gestora de ativos digitais Magnetis Gestora de Recursos, com sede em São Paulo, “para se conectar com o mercado crescente de investidores mais jovens e preocupados com tecnologia” no país, disse Beatriz.

O Julius Baer pode investir mais no negócio, mas a Magnetis permanecerá um investimento minoritário, segundo Karsten.

No México, o Julius Baer possui 70% da NSC Asesores, uma empresa de consultoria financeira. O banco suíço também abriu um escritório de representação com planos de contratar mais funcionários e pode acabar perseguindo uma estratégia de aquisições semelhante à do Brasil, disse Beatriz.

O Chile é outro mercado em crescimento para o Julius Baer. A empresa tem cerca de 20 funcionários lá e é o maior banco internacional no negócio de gestão de fortunas no país, de acordo com Beatriz.

Um acordo com o Banco BICE, sediado em Santiago, permite que os clientes usem as plataformas, produtos e experiência do banco local, enquanto Julius Baer dá suporte aos clientes e executivos do Banco BICE com treinamento e oportunidades internacionalmente.

Em março, o Julius Baer recebeu uma licença para abrir um escritório de representação na Colômbia e está avaliando uma estratégia de expansão no país, disse ela.

O banco fechou seus negócios locais no Peru e no Panamá em 2019, e este ano fechou um de seus escritórios no Uruguai, que se dedicava a atender os residentes locais. Manteve ali uma equipe de cerca de 60 pessoas atendendo apenas clientes não-residentes no país.

“Na verdade, estamos contratando mais pessoas para os aspectos internacionais de nossa operação no Uruguai”, que é principalmente a cobertura do mercado argentino, disse Beatriz.

O presidente global do Julius Baer, Philipp Rickenbacher, mudou a ênfase anterior na expansão do banco e pediu 300 cortes de empregos em fevereiro. Parte da retração incluiu a venda de seu negócio local nas Bahamas.

“Analisamos nossa presença na América Latina e decidimos que o foco precisa ser na concentração em mercados onde podemos ter um impacto”, disse Beatriz. “Isso se encaixa em nossa estratégia de longo prazo, de ser um dos principais gestores de fortunas da região.”

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