Juliana Irala: O que o Softbank analisa nas startups antes de investir?
Ao longo de suas trajetórias, as startups têm de sucessivamente buscar recursos junto a diferentes investidores. Esses, por sua vez, possuem diferentes critérios que levam em conta no momento de decidir aportar ou não em uma startup – esse filtro de pré-requisitos ficou conhecido como tese de investimento.
Possuir uma tese bem definida é essencial para investimentos mais direcionados e certeiros. E até o Softbank, gigante japonês de telecomunicações – e o player mais poderoso da atualidade quando o assunto é investimentos em tecnologia –, possui uma.
Ao anunciar um novo fundo de US$5 bilhões para continuar investindo em startups da América Latina – em que parte dos recursos, entre US$100 milhões e US$300 milhões, será destinado para aquelas early stages –, a multinacional deixou claro que a tese não mudará do primeiro para o segundo fundo.
Um dos principais critérios utilizados pelo Softbank é o tamanho do mercado referente ao problema que a startup se propõe em resolver, com uma parcela relevante da tese focada em questões específicas da América Latina, como educação, saúde, burocracia e logística.
Mas o Softbank também tem uma boa parte de sua atenção voltada à startups competitivas globalmente, como a Pipefy, plataforma de gerenciamento de projetos e automação de fluxos de trabalho, e a Pismo, solução de processamento de meios de pagamento SaaS, que possuem produtos não restringidos apenas à América Latina. Ou seja, negócios com alto potencial de tração.
Um terceiro ponto determinante para o fundo de investimentos japonês é o time: dos fundadores à cultura. Saem na frente empreendedores que possuem agilidade e habilidade de atrair bons talentos e que motive a equipe a transformar o mercado em que estão inseridas.
Porém, possuir uma tese não é exclusividade apenas de quem investe. Quando a CapTable, plataforma de investimentos em startups, “investe” na ideia de alguma startup e a coloca em seu deal flow, também considera alguns fatores – muitos deles também utilizados pelo Softbank.
A tese da CapTable
O primeiro ponto determinante é o produto. A CapTable busca startups com produtos ou serviços que possuam base tecnológica e escalável. Nisso, avalia, ainda, os principais diferenciais e inovações, incluindo unfair advantage frente à concorrência, maturidade, tamanho de usuários e clientes, UX, interface, tecnologia, roadmap e se, de fato, atende ao problema do cliente.
Segundo, tração: é essencial que a startup já possua MVP validado, com histórico de faturamento, com produto pronto e disponível no mercado, e esteja em busca do capital para escalar o negócio.
Terceiro, time. A CapTable lança suas apostas em empreendedores fora da curva, que são capazes de manter seus times dedicados, unidos e comprometidos com a execução de suas tarefas para o avanço do negócio.
E quarto: mercado. Aqui, são analisados alguns fatores como cadeia de valor, concorrência e potencial de crescimento. Também é levado em conta a possibilidade da startup criar um pequeno monopólio dentro de algum nicho específico no mercado-alvo.
Pioneira no interesse em startups da América Latina, a Softbank aproveitou, por muito tempo, para espalhar seu capital em várias que ainda estavam em estágios iniciais. Voando muito próximo dos radares da multinacional japonesa, a CapTable permite que pessoas comuns virem sócios de startups inovadoras em períodos iniciais – muito antes de chegarem em seus IPOs. Com isso, possibilita aos investidores de fazer parte de toda a jornada de crescimento (e, claro, valorização), com potencial de multiplicar muitas vezes o valor investido.