Juiz do RJ concede proteção à Americanas (AMER3) contra vencimento antecipado de dívidas
Um juiz do Rio de Janeiro concedeu nesta sexta-feira proteção à Americanas (AMER3) contra vencimento antecipado de dívidas, dando fôlego para a empresa enfrentar uma crise sem precedentes após ter anunciado um rombo contábil de 20 bilhões de reais.
Atendendo o pedido das empresas do grupo, o juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial, afirmou ser “plenamente justificável o deferimento da medida, com vistas a evitar o exaurimento de todos os ativos da companhia por credores altamente qualificados, em detrimento dos demais credores, e, principalmente, da própria manutenção da atividade econômica”.
Segundo o juiz, eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências contábeis “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de 40 bilhões de reais”.
O despacho ainda determina a “suspensão de qualquer arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição sobre os bens, derivados de demandas judiciais ou extrajudiciais, sem a prévia análise” do juiz que tomou a decisão.
O despacho cita tutela “preparatória de processo de recuperação judicial”, inclusive nomeando Bruno Rezende e o escritório de advocacia Zveiter como administradores do processo.
Questionada pela B3 (B3SA3) sobre notícia na mídia de que a companhia estava pedindo recuperação judicial, a Americanas enviou fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirmando que “a Tutela de Urgência não representa um procedimento de recuperação envolvendo a companhia”.
A empresa “continua empenhada em manter conversas positivas com seus credores visando ao atingimento de um acordo que seja benéfico a todos os seus stakeholders”, afirmou a Americanas.
Nesta sexta-feira, a agência de classificação de risco Fitch cortou a nota da Americanas, de ‘BB’para ‘CC’, dois níveis acima do patamar de inadimplência ‘D, citando que as obrigações adicionais apuradas devem elevar o indicador de dívida líquida ajustada/Ebitdar da empresa para de 5,5 para 11,9 vezes.
E a S&P reduziu o rating da Americanas de ‘BB’, um grau abaixo do nível de investimento, para ‘B’ e colocou a nota em perspectiva negativa, sinalizando que novos cortes são possíveis no curto prazo.