Colunista Vitreo

Jojo Wachsmann: Privatiza, meu amor

24 fev 2021, 8:21 - atualizado em 24 fev 2021, 8:21
Coluna Vitreo
A privatização da Eletrobras, um alienígena entre nós / Alien – O Oitavo Passageiro (1979) (Imagem: Reprodução)

Bom dia, pessoal!

No mundo, os investidores continuam focados na alta dos juros americanos e em como isso afeta o valuation das ações – a grande quantidade de estímulo que está sendo injetada nas economias tem sido um fator para elevar os juros dos títulos, enquanto isso também reaviva as preocupações com a inflação, que têm sido quase inexistentes por mais de uma década.

O Brasil, por sua vez, segue sua própria dinâmica desde que houve a indicação por parte do Executivo de troca do comando da estatal.

Hoje, Bolsas europeias abrem em alta generalizada. Futuros americanos seguem o otimismo nesta manhã de pregão. A ver…

Privatização ou capitalização?

Hoje continua a reunião do Conselho de Administração da Petrobras.

As ações da estatal recuperam parte do tombo de segunda-feira (22), mas ganhar R$ 30 bilhões logo depois de perder R$ 74 bilhões em valor de mercado com interferência do presidente pode não significar muita coisa; afinal, historicamente, depois de um dia de forte movimento de venda, é natural que ativos de risco recuperem parte do valor perdido, em um processo chamado de “rebound” pelo mercado.

Foi a Eletrobras, no entanto, que brilhou no pregão. O motivo? A expectativa do mercado por uma MP para a privatização da companhia, anunciada pelo próprio Bolsonaro. Ainda ontem, o presidente foi pessoalmente, no início da noite, entregar ao Congresso o texto da tal MP da Eletrobras.

A ideia aqui era indicar que o governo segue na mesma trajetória que antes, apesar do ruído recente. Inclusive, em evento ontem, o presidente amenizou o tom e voltou com seu discurso liberal, abrindo espaço até para elogios a Castello Branco.

A recuperação das estatais ajudou o Ibovespa a recuperar os 115 mil pontos, mas nada garante que o índice manterá o mesmo ritmo, ainda que o dia tenha aberto positivo no exterior. Até mesmo porque a notícia da privatização chegou cedo ao mercado, que logo tratou de tentar reprecificar a elétrica depois do tombo de segunda-feira.

A medida apresentada, porém, não fala em venda da estatal em si, mas, sim, de uma capitalização, que ajudará a reduzir as tarifas de energia – pelo menos, se esse foi o “meter o dedo em energia” que o presidente havia indicado no fim de semana, menos mal.

Fale mais, Powell

O presidente do Fed falará no Congresso novamente hoje. Se ontem (23) a autoridade falou para o Comitê Bancário do Senado, hoje conversará com o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara; o discurso em si, porém, deve se manter inalterado: reafirmar seu comprometimento com uma política monetária flexível, enquanto sinaliza para a necessidade de estímulos fiscais no suporte econômico contra os efeitos da pandemia da Covid-19.

Note que sempre há uma indicação de que sozinho ele não conseguirá muita coisa.

Na verdade, a desaceleração recente, depois do choque da pandemia, ocorreu porque os governos tiraram o fluxo de dinheiro principal – assim, para recuperar a trajetória, os governos precisam devolvê-lo. Afinal, estima-se que algo entre 10% e 15% dos empregos que serão perdidos nas mudanças estruturais da quarta revolução industrial não serão salvos com política monetária.

Ainda ontem, Powell sinalizou que a acomodação continuaria no futuro previsível e foi, de maneira geral, indiferente às preocupações com a inflação, indicando que a economia está muito longe das metas de emprego e inflação, e é provável que leve algum tempo para que progressos substanciais sejam alcançados. Com isso, os juros do título do Tesouro de dez anos, que subiram recentemente, ficaram mais estáveis em 1,34% na terça-feira – quando os rendimentos dos títulos aumentam, os preços das ações tendem a sofrer um impacto negativo.

Anote aí!

Para o Brasil, vale ficar de olho na divulgação do IBGE do IPCA-15 de fevereiro, a prévia da inflação oficial (primeiros 15 dias do mês). Paralelamente, a FGV divulga sua Sondagens da Construção e do Consumidor de fevereiro, que podem refletir uma melhora no ambiente interno, ainda que o cenário político siga conturbado.

Por fim, o Tesouro Nacional divulga seu relatório mensal da dívida pública federal de janeiro e diretores do Banco Central realizam mais um dia de reuniões com economistas para colher projeções na elaboração do Relatório Trimestral de Inflação.

Na Europa, um grande número de dirigentes do Banco da Inglaterra (o BC de lá) está sendo aguardado para arguir hoje, incluindo o economista-chefe Andy Haldane, que tem falado bastante sobre como mudar as práticas de trabalho (mais sobre isso abaixo).

Haldane tem se debruçado bastante ultimamente sobre as taxas de poupança das famílias, ouvi-lo pode nos ajudar a entender prognósticos sobre consumo reprimido. Com um projeto de reabertura já apresentado, o que tem impulsionado o mercado de ações por lá, o Reino Unido pode ser um experimento global para uma nova fronteira no mercado de trabalho.

Muda o que na minha vida?

Muito tem se refletido sobre os impactos de longo prazo na economia derivados da pandemia da Covid-19. Alguns setores da economia, por exemplo, ainda experimentam os efeitos da crise provocada pela doença, mesmo meses após os picos mais acentuados da curva já terem ficado para trás, pelo menos em países desenvolvidos.

A literatura econômica tem chamado o fenômeno de “long Covid”, ou “Covid longa” em português.

Para a economia, as pessoas desempregadas há mais tempo têm, consequentemente, mais dificuldade em conseguir um emprego; assim, o desemprego de longa duração pode transformar-se em desemprego permanente. Vale diferenciar aqui o desemprego friccional, ou temporário, do estrutural, ou permanente.

O temporário se flexiona com o choque econômico, enquanto o estrutural, por sua vez, fica por mais tempo, mesmo depois da recuperação cíclica, uma vez que, muitas vezes, o respectivo setor de atuação foi afetado permanentemente, como foi no caso da pandemia.

Ao mesmo tempo, também existe o fator humano. No desemprego por muito tempo, as habilidades do indivíduo supostamente ficam defasadas, as pessoas ficam desanimadas e os empregadores em potencial adotam uma “regra prática” de que o desempregado de longa duração deve ser indesejável – curiosamente, há um ciclo vicioso em que quanto mais tempo você ficar desempregado, mais preconceito o recrutador terá.

Nos EUA, por exemplo, referência tradicional para nós aqui por se tratar de um mercado maduro, a proporção de desempregados sem trabalho por mais de seis meses praticamente dobrou durante a pandemia. Não está claro, contudo, se esse efeito se aplicará a pessoas em esquemas de licença do governo – em um governo Biden, provavelmente não.

Podemos verificar que a pandemia também acelerou mudanças estruturais na economia. Geralmente, mudanças estruturais são perturbadoras, com efeitos econômicos de longo prazo nos fatores.

Mudanças como o “home office” ou o e-commerce aconteceram mais rápido do que o esperado – às vezes, inclusive, a natureza abrupta da mudança pode causar danos econômicos adicionais. Outros fenômenos, como a inflação, também poderiam ser considerados como “long Covid”. Definitivamente, muita coisa mudou para sempre em nossas vidas.

Fique de olho!

Lançamos ontem uma de nossas teses mais arrojadas, direcionada para investidores qualificados: o FoF Melhores Fundos Retorno Absoluto.

Essa tese, que foi inspirada no relatório “Melhores Fundos Retorno Absoluto”, do Bruno Mérola e sua equipe da Empiricus, é duplamente validada pelo nosso time de gestão e ganha vida para levar aos investidores com maior apetite por risco a oportunidade de busca de grandes retornos financeiros para o longo prazo.

Muito embora, você já saiba: não há nenhuma garantia de retorno, pois estamos falando sobre um investimento que envolve risco.

Falando mais sobre esse nosso lançamento, o portfólio do FoF Melhores Fundos Retorno Absoluto traz nomes bastante celebrados pelo mercado e muito cobiçados por investidores mais experientes no mundo dos multimercados.

Estamos falando de fundos como o Verde, Giant Zarathustra, Kapitalo Zeta e SPX Raptor. Fundos reconhecidamente campeões de retorno dentro do seu segmento.

E que passam a maior parte do ano fechados para captação. Por isso, FoF Melhores Fundos Retorno Absoluto é uma grande oportunidade de investimento para quem deseja expor parte de seu capital nessa tese.

Para investir no FoF Melhores Fundos Retorno Absoluto, o aporte inicial mínimo é de R$1 mil e a taxa de administração é de 0,75% ao ano.

Além disso, a taxa de performance cobrada para o produto é de 10% sobre a rentabilidade que exceder o CDI, também ao ano.

Caso a tese do FoF Melhores Fundos Retorno Absoluto faça sentido para o seu perfil de investimento e você queira saber mais informações sobre o produto, clique no botão abaixo e conheça todos os seus detalhes.

Ah, e não esqueça de ler o seu regulamento completo para conhecer todas as condições de contratação junto à Vitreo, pois somente assim a alocação pode ser concluída. E não esqueça que o investimento em fundos não conta com garantia do FGC, de qualquer mecanismo de seguro ou dos próprios prestadores de serviço do fundo.

Esperamos que você goste da novidade.

[EU QUERO CONHECER O FOF MELHORES FUNDOS RETORNO ABSOLUTO]

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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