Colunista Vitreo

Jojo Wachsmann: Brasil em situação delicada

08 mar 2021, 8:31 - atualizado em 08 mar 2021, 8:31
À espera de um novo líder (no nosso caso, de um trigger positivo) / The Third Day (2020) (Imagem: Divulgação)

Bom dia, pessoal!

Seguimos para dentro do mês de março com grandes expectativas para os mercados internacionais e local.

Financistas tentam se ancorar de alguma forma em novos “triggers” (gatilhos) positivos para o longo prazo, uma vez que, com o tempo passando, mais pessoas são vacinadas e gatilhos como o pacote fiscal americano ou a PEC emergencial no Brasil já ficam para trás.

Hoje, os mercados europeus abrem o dia subindo, alguns mais timidamente do que outros. Futuros americanos, por sua vez, caem bastante, ainda sob o sentimento de rotação setorial de crescimento para valor. A ver…

De volta à fase vermelha

Estamos de volta à fase vermelha no maior Estado do país em termos populacionais e econômicos. Evidentemente, ainda que seja um episódio bem diferente daquele testemunhado no início de 2020, tem sido difícil surfar eventuais notícias positivas.

A semana passada, por exemplo, foi um caso explícito de volatilidade em demasia. A Bolsa subia e descia feito louca e acabou fechando com alta na semana, principalmente devido à sexta-feira (5) bem positiva.

Ainda assim, hoje passamos pelo pior momento da pandemia, com recordes diários de novos casos e de mortes.

A solução, enquanto a população é vacinada, não poderia ser outra que não a quarentena — a variante de Manaus tem feito um estrago grande ao se alastrar pelo país. Resta agora ver se essas duas semanas de isolamento serão o suficiente para conter esta fase da doença ou se precisaremos de mais restrições.

Ruma à mesa do presidente

O Senado americano aprovou o pacotão fiscal de Biden, muito semelhante ao aprovado pela Câmara — o movimento sugere que o tamanho final do estímulo ficará mais próximo de US$ 1,9 trilhão do que o antecipado (muitos analistas usavam, em um cenário otimista, a cifra de US$ 1,7 trilhão).

Com isso, os EUA colocam em prática recursos anticíclicos que provavelmente serão integralmente gastos em algo como seis meses.

Enquanto isso, também, a vacinação segue de vento em popa, à espera da assinatura de Biden para o pacote.

A expectativa é que toda a população seja vacinada até o final de maio (o que seria um grande feito) — a vacinação estimulará a segunda recuperação econômica, impulsionada pelos serviços. Isso pode sinalizar a compreensão de que os impostos comerciais não são economicamente úteis.

O aumento do subsídio de desemprego estendido até setembro também reduzirá as poupanças formadas como reserva de emergência, o que poderá ser bom para o consumo.

Preços do petróleo e inflação

Durante o fim de semana, houve um ataque de drones e mísseis contra uma instalação portuária saudita.

Até agora, parece não ter havido interrupção no fornecimento de petróleo, mas, de qualquer modo, o preço da commodity subiu, principalmente devido aos temores sobre a segurança regional. Já vínhamos de elevações no preço do petróleo por conta da reunião da Opep+ na semana passada.

Claro, por ser petróleo, uma alta de seus preços poderia acarretar uma subida dos preços no geral em um momento em que os agentes fazem esforços colossais para entender o processo inflacionário atual nos EUA.

Ainda assim, as autoridades monetárias deverão fazer vista grossa sobre eventuais impactos da inflação, uma vez a política do banco central é sobre pressões inflacionárias econômicas e não sobre preços em um único produto, ainda que este seja a base da cadeia de suprimentos de muitos setores.

Anote aí!

Na sequência da temporada de resultados, hoje teremos divulgação de dados de inflação, com destaque para a prévia semanal do IPC-S (referente a março) e para o IGP-DI de fevereiro. Balança comercial e Relatório Focus devem brilhar um pouco os olhos, dado o momento da pandemia.

No exterior, vale acompanhar desdobramentos nos EUA do índice de tendência de emprego, depois dos dados da folha de pagamento marginalmente acima do esperado na semana passada. Estoques e vendas no atacado, bem como as falas de autoridades econômicas, chamarão também a atenção.

Na Zona do Euro, vale conferir as expectativas de inflação ao consumidor, principalmente depois dos episódios recentes com o petróleo.

Muda o que na minha vida?

Aqueles que apostam em um boom econômico nos Estados Unidos neste primeiro semestre estão animados com a dose de notícias muito boas sobre a vacinação.

O presidente Joe Biden anunciou que os EUA terão um suprimento de vacina suficiente para cada adulto até o final de maio, depois que a Merck concordou em ajudar a fabricar uma vacina recentemente autorizada desenvolvida pela Johnson & Johnson. Isso acelera drasticamente o cronograma de imunização do país.

Para se ter uma ideia, o governo Biden pretendia anteriormente obter injeções suficientes para todos os adultos americanos até o final de julho.

Claro, a retomada da atividade reforça a questão da inflação em solo americano, mas é inegável o tom positivo da notícia.

Se uma inflação nos EUA, ainda que temporária, parece iminente, um aumento sustentado dos preços ao consumidor pode parecer muito distante na Europa, uma vez que a atividade econômica permanece severamente impactada pelas restrições, o estímulo é limitado (fiscal mais delicado que o dos EUA desde a crise de 2012/13) e as perspectivas para o crescimento do PIB neste ano se enfraqueceram.

O Banco Central Europeu (BCE) se reúne na quinta-feira (11) e os investidores vão querer saber como ele está pensando sobre a inflação. Eles também vão querer alguma garantia da presidente do BCE de que o banco central não tem planos de restringir as condições de financiamento.

Na semana passada, Lagarde disse que o BCE usou cerca de € 800 bilhões (US$ 955 bilhões) de seu programa de compra de emergência pandêmica de € 1,8 trilhão (US$ 2,1 trilhões). Ou seja, ainda há espaço.

Basicamente, portanto, a autoridade tentará principalmente minimizar o recente aumento nos juros dos títulos, classificando-o como sendo de pequena magnitude e impulsionado por fatores técnicos, tal qual feito no discurso de Powell.

Com isso, Lagarde deverá garantir que as compras de ativos podem ser aumentadas se necessário e mova o estímulo antecipado nas próximas semanas para manter as condições de financiamento favoráveis. Curioso acompanhar as discussões atuais sobre estímulos monetários — estamos na fronteira de um novo paradigma.

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Um abraço,

Jojo Wachsmann

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