Jojo Wachsmann: Ainda conseguimos defender o zero a zero?
Bom dia, pessoal!
Chegamos à última semana do mês de fevereiro, com prognósticos bastante negativos para o Brasil. No exterior, os investidores continuarão avaliando a melhoria dos dados econômicos, o declínio constante nos casos de Covid-19 e o processo de vacinação, enquanto a temporada de resultados continua.
A semana guardará momentos importantes para as autoridades monetárias, com fala de representantes do BCE e do Fed.
Os mercados também vão focar a atenção na flexibilização das restrições — dados de Israel sugerem que a vacinação reduz a transmissão do vírus. Hoje, Bolsas no exterior abrem em queda, em nada ajudando a situação já complicada na agenda local. A ver…
As próximas semanas serão decisivas
Na sexta-feira (19), avisamos aqui a respeito do problema de possível ingerência sobre a Petrobras, apesar da promessa do presidente de não interferir. Para a surpresa de ninguém, ele interferiu. Já na noite de sexta, Bolsonaro anunciou que trocaria o comando da Petrobras, até então sob as hábeis mãos de Roberto Castello Branco, homem forte de Paulo Guedes na estatal.
Em seu lugar entra um militar, o general Joaquim Silva e Luna. Ainda que haja uma tentativa de relativizar a questão, o caso é sério e atenta contra o principal pilar do governo, hoje sustentado por Guedes, que até agora não se pronunciou sobre a ingerência do presidente. O problema? Parece que não parou por aí.
O presidente ainda disse que mudaria mais nesta semana, com mais trocas, e que “meteria o dedo na energia elétrica também” — a ideia, ao que tudo indica, é usar R$ 70 bilhões de um fundo setorial e tributos federais para reduzir tarifas. Mais trocas e mais intervenção. Tem cheiro de nova Dilma. Resta saber se:
i) como o conselho e a atual diretoria da Petrobras vão se comportar diante da indicação — até o fim de semana, o conselho quase ameaçou uma renúncia em grupo, em paralelo à dos diretores, que também não ficaram nada satisfeitos com a alteração de Castello Branco; e
ii) qual o impacto disso em Guedes, no resto de sua equipe econômica e, mais importante, na agenda de reformas, a qual não parece ser prioridade do chefe de governo.
Tudo gerará volatilidade na semana (as ADRs da Petrobras despencaram no after market americano e os efeitos serão sentidos aqui hoje).
Teme-se que o Ministério da Economia, cada vez mais enfraquecido pelo próprio presidente, perca a capacidade sequer de manter o famoso zero a zero, que vale muito no Brasil.
O movimento de venda deve espraiar para outras estatais e players de commodities relacionados, bem como ações de energia e de distribuição de combustível. Com a ponderação, ainda, o mercado deverá perder a fé na capacidade do governo em aprovar as reformas fiscalistas e em privatizar.
Existe saída, ainda não chegamos ao fim, mas o governo vai ter que rebolar. O dólar e o juro longo deverão refletir negativamente as novas notícias.
Temores inflacionários e o projeto de estímulo de Biden
Depois de semanas de debate, o enorme projeto de lei de alívio da Covid-19, de US$ 1,9 trilhão, do presidente Joe Biden está pronto para tramitar no Congresso — o apoio bipartidário, geralmente difícil de obter, foi contornado com a reconciliação orçamentária, a qual já discutimos aqui.
Agora, o Comitê de Orçamento da Câmara está tomando medidas para finalizar a legislação para que possa passar para uma votação geral. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disse que gostaria que isso acontecesse ainda nesta semana. Pelosi afirmou ainda que espera que o pacote de ajuda da Covid esteja na mesa de Biden até 14 de março, quando os atuais benefícios de desemprego expiram.
O pacote de resgate abrangente está programado para incluir uma nova rodada de cheques de estímulo de US$ 1.400, uma expansão do crédito tributário para crianças e um aumento do salário mínimo para US$ 15 a hora. O impacto sobre a inflação, que gerou temores na semana passada, é relativizado pelo banco central americano, que está comprometido em exceder os 2% de meta inflacionária por um período — para a autoridade, isso deve ser sustentável.
Veja, os EUA não veem uma inflação significativa em quase 40 anos e, desde a crise financeira de 2008, a economia experimentou uma inflação muito baixa e até mesmo uma deflação. Um nível moderado de inflação ocorre naturalmente em uma economia em crescimento, gerando preços mais altos que incentivam as empresas a investir, taxas de juros a subir e salários mais altos — como o que deve acontecer em 2021, com a retomada da economia e com a expansão de liquidez (expansionismo fiscal e monetário).
A volta ao pleno emprego tem um custo e seu nome é inflação. Contudo, se o número aumentar em uma taxa mais rápida, pode ser prejudicial para os investidores e forçar o banco central a apertar sua política antes do esperado. Vamos seguir acompanhando de perto.
Anote aí!
O dia é importante para o Brasil por conta de nossa agenda política e de resultados (CSN e Itaúsa, por exemplo). Mas não só por isso. Além do tradicional relatório Focus, que já deve conter as primeiras revisões dos economistas depois das crises institucionais da semana passada, vale acompanhar os dados formais de geração de emprego, divulgados pelo Caged — um número melhor poderia dar um alívio econômico, apesar de não resolver a situação.
Na Europa, a presidente do BCE, Lagarde, deve falar hoje. Há relatos de que o conselho do BCE está resistindo a algumas propostas de sustentabilidade (isso mesmo, ESG). A diretora-geral do FMI também discursa no mesmo evento.
Eventuais rachas aqui poderão se desdobrar para as outras políticas do banco. Sentimento empresarial alemão também será apresentado — a economia alemã se beneficiou da mudança global de gastos dos consumidores de serviços para manufatura. Por fim, nos EUA, vale acompanhar, além dos resultados corporativos, o índice de atividade nacional de janeiro e as falas dos dirigentes do Fed em Dallas.
Muda o que na minha vida?
Estima-se que os americanos estejam sentados sobre US$ 1,5 trilhão em economias (poupança) “excedentes”, derivadas das restrições da pandemia — o baixo gasto do consumidor deve-se a restrições de mobilidade, e não à falta de vontade de gastar, e o entendimento é de que haverá, portanto, um ajuste rápido quando as restrições forem suspensas.
Esse número deverá subir para US$ 2,4 trilhões até meados do ano, quando algo semelhante à vida econômica normal for restaurada.
O apoio fiscal sem precedentes, incluindo estímulos e maiores benefícios aos desempregados, manteve a renda disponível alta para muitos durante a pandemia.
Os temores sobre o futuro, porém, combinados com a falta de oportunidades de gastos, significam que as pessoas têm guardado muito. A maneira como os americanos empregarão essas economias em 2021 é a chave para o próximo passo da economia e poderá ser refletida nas Bolsas do mundo inteiro.
Para que uma recuperação vigorosa aconteça, as pessoas precisam ter certeza de que o pior da pandemia já passou e começar a gastar novamente.
Hoje, no entanto, mais americanos estão priorizando economizar antes de pagar dívidas de cartão de crédito, por exemplo, um sinal de como a psicologia de uma recessão severa pode mudar os hábitos de consumo no longo prazo. Tais fenômenos poderão ser verificados no Brasil também.
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[QUERO ACESSAR MINHA ÁREA LOGADA]
Um abraço,
Jojo Wachsmann