Política

Johnson recomenda vacina da AstraZeneca e Bolsonaro diz que não se vacinou

20 set 2021, 17:36 - atualizado em 20 set 2021, 17:36
Jair Bolsonaro
O encontro foi uma das duas únicas reuniões bilaterais agendadas por Bolsonaro durante os dois dias que passará em Nova York (Imagem: REUTERS/Stefan Jeremiah)

Em encontro com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o presidente Jair Bolsonaro ouviu do colega do Reino Unido a recomendação de que todos tomassem a vacina contra Covid-19 da AstraZeneca, desenvolvida em seu país, enquanto ele mesmo confirmou que ainda não se vacinou.

Em imagens do encontro gravadas pela TV Reuters, Johnson elogia o inunizante da AstraZeneca.

“Grande vacina”, diz o primeiro-ministro depois de comentar que Brasil e Reino Unido trabalham em conjunto no desenvolvimento da vacina. “Eu tomei AstraZeneca. Pessoal, tomem a vacina da AstraZeneca. Eu tomei duas vezes já.”

Enquanto Johnson falava, Bolsonaro apontou para si mesmo e fez sinal de não com a mão. Ao ser questionado por Johnson se já teria se vacinado, Bolsonaro responde: “Não. Ainda não.”

A posição antivacina do presidente brasileiro criou problemas na organização da viagem. Bolsonaro é o único presidente do G20 grupo de países mais ricos do mundo a não ter se vacinado, apesar de, aos 67 anos, ser considerado grupo prioritário no Brasil.

O presidente alega que não precisa se vacinar porque tem uma contagem de anticorpos alta –o que não significa que não possa ser reinfectado e fala na possibilidade de só ser vacinado “depois que o último brasileiro se vacinar”.

No entanto, a cidade de Nova York exige de moradores e visitantes que apresentem um certificado de vacinação para frequentar bares, restaurantes e lojas, e tentou impor a mesma política à Organização das Nações Unidas.

A ONU que não precisa seguir a política da cidade optou por manter seu “código de honra”, a confiança de que os chefes de Estados que entrarem no local estarão totalmente vacinados.

O encontro foi uma das duas únicas reuniões bilaterais agendadas por Bolsonaro durante os dois dias que passará em Nova York, apesar da tarde desta segunda ter sido reservada para encontros.

Apesar da afirmação feita à Reuters por diplomatas de que outros encontros estavam sendo negociadas, o único que foi confirmado é com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, um dos poucos que hoje faz companhia a Bolsonaro no espectro ideológico de extrema-direita.

Depois do encontro com Johnson, que durou cerca de meia hora, o presidente brasileiro postou em suas redes sociais um vídeo editado da conversa.

Nele, o primeiro-ministro diz que lembra com carinho do fato de Bolsonaro ter ligado para cumprimentá-lo imediatamente após ter vencido as eleições e que pretendia ir ao Brasil, mas aí veio a epidemia de Covid-19, o que impossibilitou a visita.

Ministros que estiveram presentes ao encontro afirmaram que se tratou de vacinas, meio ambiente, e também da restrição do Reino Unido à entrada de brasileiros, mesmo os que já estejam vacinados. A restrição poderá ser revista.