Nobel

John Nash: o gênio que venceu a esquizofrenia e conquistou o Nobel de Economia

13 out 2025, 8:50 - atualizado em 13 out 2025, 8:50
John Nash, Nobel de Economia. Imagem: Money Sharma/Agência Brasil
John Nash, Nobel de Economia. Imagem: Money Sharma/Agência Brasil

John Nash não era um gênio comum — e talvez nem quisesse ser. Nos anos 1950, o matemático norte-americano revolucionou a teoria dos jogos, alicerce da economia moderna e do estudo do comportamento estratégico. Enquanto o mundo tentava decifrar suas equações, Nash travava outra batalha: contra a própria mente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, o cientista passou por internações forçadas, terapias intensivas e colapsos mentais que o afastaram das universidades por quase vinte anos.

A mente brilhante por trás do caos

Nos anos 1950, Nash despontava como um prodígio da matemática moderna. Doutor pela Universidade de Princeton, ficou conhecido por transformar abstrações complexas em fórmulas precisas.

Aos 21 anos, apresentou uma tese de apenas 26 páginas — base do conceito que ficaria conhecido como “equilíbrio de Nash”. A ideia revolucionou a teoria dos jogos e se tornou uma das bases para compreender mercados, negociações políticas e até comportamentos biológicos.

Mas, por trás da genialidade, o colapso se aproximava. Em 1959, sua carreira foi interrompida por um diagnóstico de esquizofrenia paranoide, acompanhado de delírios persecutórios. A doença o levou a longos períodos de internação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A comunidade acadêmica, que antes o via como um talento precoce, afastou-se em silêncio. Por quase duas décadas, Nash viveu isolado, fora do circuito científico.

Entre 1959 e o fim dos anos 1970, deixou de lecionar e publicar. Embora continuasse ligado informalmente à Universidade de Princeton, não tinha cargo, alunos nem projetos. Passou por diversas clínicas psiquiátricas em Nova Jersey e Massachusetts, alternando entre tratamentos e recaídas.

No fim dos anos 1970, começou a retornar lentamente ao campus. Andava pelos corredores, assistia a aulas, trocava poucas palavras com antigos colegas. Sua figura discreta inspirou a imagem de um “fantasma genial” — presença silenciosa que muitos viam todos os dias, mas raramente compreendiam.

O retorno de Nash com um Nobel

A recuperação de Nash começou no fim dos anos 1980. Voltou a frequentar Princeton, ler jornais e discutir ideias.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em 1994, aos 66 anos, veio o reconhecimento máximo: o Prêmio Nobel de Economia, ao lado de Reinhard Selten e John Harsanyi, pela formulação da teoria dos jogos não cooperativos — um modelo que redefiniu a compreensão sobre mercados, política e relações humanas.

Sua teoria mostrou que, mesmo em contextos de conflito e egoísmo, a lógica ainda pode encontrar equilíbrio. Foi uma consagração tardia, mas simbólica: o renascimento de uma mente que reconstruiu a própria razão.

“Eu emergi do pensamento irracional gradualmente. Comecei a pensar racionalmente de novo”, diria Nash anos depois.

De Princeton a Hollywood

Em 2001, sua trajetória ganhou as telas com Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind), estrelado por Russell Crowe e Jennifer Connelly. O longa venceu quatro Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Hollywood suavizou algumas partes, mas preservou o essencial: a luta de um homem que via lógica até no delírio. A cena em que Nash enxerga números flutuando no ar tornou-se símbolo de uma geração que entendeu que genialidade e sanidade nem sempre coexistem.

John Nash morreu em 2015, aos 86 anos, em um acidente de carro ao lado da esposa, Alicia.

O Nobel de 2025

Dez anos após sua morte, o legado de Nash ainda ecoa nos prêmios da economia. A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou nesta segunda-feira (13) os vencedores do Nobel de Economia de 2025: Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, reconhecidos por suas contribuições à teoria do crescimento econômico impulsionado pela inovação.

Joel Mokyr utilizou observações históricas para identificar os fatores que sustentam o crescimento baseado em tecnologia”, explicou John Hassler, membro do Comitê do Nobel. Já Aghion e Howitt desenvolveram um modelo de destruição criativa — processo contínuo em que novas ideias substituem as antigas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Prêmio Nobel de Economia, oficialmente chamado de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, é o último da temporada e vale 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,2 milhão).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Repórter
Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro.
isabelle.miranda@seudinheiro.com
Linkedin
Jornalista com especialização em Gestão de Mídias Digitais. Atua como repórter nos portais de notícias Money Times e Seu Dinheiro.
Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar