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John Kiff, do FMI, traça caminho tecnológico para moedas digitais de banco central (CBDC)

23 jul 2020, 13:22 - atualizado em 23 jul 2020, 13:22
Especialista do FMI afirma que a tecnologia existe e que é preciso estudá-la antes de implementar uma solução com CBDC (Imagem: Freepik/macrovector)

Em uma conferência virtual realizada pelo The Block sobre “Moedas digitais emitidas por bancos centrais: design, políticas e implementação”, um dos tópicos discutiu se bancos centrais têm acesso à tecnologia necessária para emitir uma CBDC.

Segundo John Kiff, especialista sênior do setor financeiro no Fundo Monetário Internacional (FMI), a tecnologia que fornece suporte para uma plataforma de CBDC existe há muito tempo, parecida com as utilizadas pelos bancos comerciais.

Além disso, bancos centrais deveriam facilmente avalancar essa tecnologia caso necessário, principalmente países com setor financeiros subdesenvolvidos.

Porém, melhorias na tecnologia, como registros distribuídos e  interface de programação de aplicações (APIs) devem permitir que bancos centrais trabalhem diretamente com o setor privado de formas inovadoras e, possivelmente, fornecer uma solução de CBDC, disse ele.

Além disso, a motivação e a atitude de bancos centrais também mudaram ao longo do tempo que, por sua vez, está sendo a força motriz por trás do interesse em CBDCs, segundo Kiff.

“Em algumas economias — como Suécia —, o dinheiro está entrando em desuso e serviços de pagamento estão sendo dominados pelos serviços de pagamento do setor privado. […] 80 ou 90% é controlado por uma única instituição que corre risco de movimentá-lo — o controle desse sistema de pagamento — para fora do país”, disse ele.

Ele também afirmou que a Suécia e alguns outros bancos centrais estão considerando solucionar o problema na distorção de monopólios com uma solução de CBDC.

“Existe uma possibilidade de usar esse poder de monopólio ao fornecer serviços caros ou adequados. Você também tem questões com um único ponto de falha que não podem ser desregulados porque poderia criar uma megainstituição que controla todos os serviços de pagamentos”, explicou Kiff.

Além disso, Kiff também discutiu o que ele chamou de “nova ameaça” para os bancos centrais: Libra.

“Diremos que haverá redução ou prevenção da adesão de uma moeda emitida pelo setor privado — é isso o que dizemos entre nós na comunidade oficial — mas, na verdade, Libra tem sido um grande choque para muitos que fez com que bancos centrais competissem em serviço”, disse ele.

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Por fim, enquanto resumia sua opinião sobre CBDCs como uma possível solução, Kiff disse que, para que as políticas monetárias funcionem adequadamente, alguns bancos centrais estão considerando a migração para uma CBDC.

“Você pode ter uma CBDC que gera juros, uma taxa de juros variável, que poderia ser utilizada para trabalhar com uma melhor eficácia de políticas monetárias”, disse Kiff.

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