Joe Biden “faz política” ao ameaçar Brasil, diz presidente da Aprosoja
O candidato à Presidência dos Estados Unidos Joe Biden está “fazendo política” ao ameaçar o Brasil com sanções por conta de desmatamentos, disse nesta quarta-feira o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, em coletiva online de imprensa.
Biden propôs em debate com Donald Trump na véspera que países de todo mundo se reúnam para fornecer 20 bilhões de dólares para a preservação da Amazônia e disse que o Brasil enfrentará “consequências econômicas significativas”, caso o país não pare a destruição da floresta e se ele for eleito.
“O Joe Biden está ali fazendo política, vimos isso no debate”, afirmou Braz Pereira, acrescentando ainda que países da América do Norte não têm uma agricultura competitiva e por isso atacam o Brasil sob o ponto de vista do meio ambiente.
Ele ainda se lembrou que o presidente da França, Emmanuel Macron, também fez declarações nessa linha recentemente, já que a França não seria competitiva no meio rural, despejando bilhões por ano em subsídios.
“Além de termos florestas, nós nos tornamos competitivos. Eles não têm florestas e não são competitivos, então cria-se algo para atacar o modelo brasileiro”, completou.
Ele argumentou que o modelo do Brasil, com delimitação de reservas ambientais dentro das propriedades rurais, é vencedor sob o ponto de vista da produção e da preservação ambiental.
Com relação a queimadas, o presidente da Aprosoja disse que quem mais perde com o fogo são os produtores rurais, por conta da queima da palha usada no plantio direto, base da agricultura brasileira altamente produtiva.
Quando a palha deixada de uma safra para a outra queima, as terras perdem umidade com mais facilidade e a lavoura tem sua produtividade reduzida, algo que leva anos para ser recuperado.
Por isso, ele ressaltou que o setor rural tem aparato de combate a incêndios maior que o Estado e tem realizado operações contra fogo.
Ele ainda defendeu regularização fundiária para que se possa saber o que é desmatamento legal e o que é ilegal, algo que defendeu que deve ser punido.
Bartolomeu disse que os produtores devem exercer seu “direito de propriedade”, incluindo desmatar áreas dentro da legalidade, respeitando os limites estabelecidos para cada região do país.
As afirmações vieram em coletiva convocada para dar esclarecimentos sobre a saída da Aprosoja da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), conforme noticiado nos últimos dias.
Para o líder agrícola, a direção da Abag não estava ouvindo os anseios da Aprosoja, e isso segundo ele não colabora com uma necessária mudança de visão de que o agricultor não somente produz no Brasil, mas também preserva o meio ambiente.
“A Abag representa o negócio e não entende o que é produção”, disse ele, ressaltando que não faltou diálogo antes dos associados da Aprosoja votarem pela saída da Abag.
Ele disse ainda que outras entidades do agronegócio estão agora buscando uma união para mostrar à sociedade que o setor produz e preserva.
Procurada, a Abag afirmou que todos os membros da associação estão sujeitos às mesmas regras, e que os participantes ganham e perdem nos diversos temas, e “isso é o que caracteriza uma associação de diálogo”.
“Nossa credibilidade, ação pela sustentabilidade, legalidade e atuação apolítica do Agro nacional no Brasil e no exterior é histórica e dispensa comentários, é conhecida e transparente. Portanto mais uma vez somente lamentamos a saída de um membro da mesa de diálogo.”
A Abag disse também que continuará a “luta em defesa total por um só agronegócio”, que seja “responsável, sustentável e legal, características do Agro nacional”.
(Atualizada às 16h17)