João Marco Braga da Cunha: criptoativos – prazo de investimento e resiliência
O quão importante é o prazo de investimento no caso dos criptoativos? É bem estabelecida a noção de que ativos mais arriscados são adequados a horizontes de investimento alongados.
Sendo os criptoativos uma classe de ativos nova e bastante volátil, é importante entender de que forma o tempo alocado impacta nas chances de o investidor obter bons resultados.
A partir da série de preços do Hashdex Digital Assets Index (HDAI), índice que representa o mercado de criptoativos, aplicamos uma técnica estatística, conhecida como bootstrapping, que permite um grande número de trajetórias de preço alternativas.
Com essa coleção de simulações, é possível saber, por exemplo, qual seria a probabilidade de um investidor, que ficou apenas um mês alocado, ganhar dinheiro, ou caso tivesse ficado um ano, cinco anos, etc. A tabela abaixo sumariza alguns desses valores:
Na segunda coluna da tabela, fica claro como a probabilidade de perder parte do valor investido despenca com o aumento do prazo de investimento. É sete vezes mais provável ter prejuízo ficando apenas um mês alocado do que segurando a posição por cinco anos.
A quinta e a sexta colunas mostram como, com prazos de 2 anos ou mais, a possibilidade de atingir cinco ou dez vezes o capital inicial começa a ficar significativa.
Já a chance de perda da metade do montante aplicado é maior para os investidores que ficam seis meses alocados do que para os que mantêm a posição por três ou cinco anos.
Há outras informações relevantes que também podem ser extraídas das simulações. Por exemplo, dentre os investidores que terminaram o primeiro ano no prejuízo, dois terços chegariam ao final do quinto ano com, pelo menos, o triplo do valor inicial.
Além disso, 54% daqueles que tiveram perdas de mais da metade da quantia investida no primeiro ano teriam dobrado o investimento inicial quatro anos mais tarde. Isso representa uma rentabilidade anualizada de quase 15%, nada mal para quem começou com o pé esquerdo.
Segundo esse simples experimento, fica claro que o senso comum — segundo o qual os ativos mais arriscados são adequados a prazos mais longos — é plenamente válido para os criptoativos. O corolário disso é que o investidor deve ser resiliente às oscilações do caminho.
Como diz o Eclesiastes, “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Para aqueles cujo propósito é investir nessa classe de ativos, o curto-prazismo ou a inconsistência podem ser motivos de arrependimento.
Importante: As informações contidas neste material são de caráter exclusivamente informativo e não se caracterizam nem devem ser entendidas como uma promessa ou um compromisso da Hashdex Gestora de Recursos. A Hashdex Gestora de Recursos não se responsabiliza por decisões do(a) investidor(a) ou de profissionais especializados por ele(a) consultados. O(a) investidor(a) deve se basear, exclusivamente, em sua opinião e na opinião de profissionais especializados por ele(a) contratados para opinar e tomar sua decisão de investimento. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura.
João Marco Braga da Cunha é Bacharel e Mestre em Economia, pela PUC-Rio e pela EPGE-FGV, respectivamente, e Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica, também pela PUC-Rio. Há mais de uma década no mercado financeiro, já trabalhou nas áreas de quant trading, private equity, risco de mercado, pesquisa macroeconômica e gestão de portfólios, posição que atualmente ocupa na Hashdex.